Vaticano: Igreja deixa «rasto luminoso», diz Bento XVI

Papa recorda exemplo de João Paulo II e destaca a ação da Igreja junto da «multidão das pessoas que sofrem», pese a «vergonha» dos seus erros

Cidade do Vaticano, 21 abr 2011 (Ecclesia) – Bento XVI afirmou hoje no Vaticano que a Igreja Católica tem deixado um “rasto luminoso” no mundo, em especial junto dos “atribulados e doentes”, falando ainda em “vergonha” pelos erros dos fiéis.

“Apesar de toda a vergonha pelos nossos erros, não devemos esquecer que hoje existem também exemplos luminosos de fé; pessoas que, pela sua fé e o seu amor, dão esperança ao mundo”, disse o Papa na homilia da Missa Crismal, que reuniu os padres da diocese de Roma na basílica de São Pedro.

Na primeira celebração desta quinta-feira, Bento XVI lembrou em particular o seu precessor: “Quando for beatificado o Papa João Paulo II no próximo dia 1 de maio, cheios de gratidão pensaremos nele como grande testemunha de Deus e de Jesus Cristo no nosso tempo, como homem cheio do Espírito Santo”.

Para o Papa, é importante “agradecer às irmãs e aos irmãos que, em todo o mundo, proporcionam um amor restaurador aos homens, sem olhar à sua posição ou confissão religiosa”.

“Desde Isabel da Hungria, Vicente de Paulo, Luísa de Marillac, Camilo de Lellis, até Madre Teresa – para lembrar somente alguns nomes – o mundo é atravessado por um rasto luminoso de pessoas, que tem a sua origem no amor de Jesus pelos atribulados e doentes”, disse Bento XVI.

Na homilia, foi recordada a “multidão das pessoas que sofrem: os famintos e os sedentos; as vítimas da violência em todos os continentes; os doentes com todos os seus sofrimentos, as suas esperanças e desânimos; os perseguidos e os humilhados, as pessoas com o coração dilacerado”.

Esta é uma situação que, segundo o Papa, fez com que “desde o início”, a Igreja tenha amadurecido “a vocação de curar”, “o amor solícito pelas pessoas atribuladas no corpo e na alma”.

“O homem é essencialmente um ser em relação. Mas, se a sua relação fundamental – a relação com Deus – é transtornada, então tudo o resto fica transtornado também”, indicou.

A intervenção papal centrou-se na afirmação de um Deus que “anda à procura” dos seres humanos, e que, “descendo até aos abismos da existência humana”, mostra o quando “ama o homem, sua criatura”.

“Os cristãos deveriam fazer visível ao mundo o Deus vivo, testemunhá-Lo e conduzir a Ele”, referiu.

Para Bento XVI, essa é uma missão que não tem sido plenamente cumprida, lamentando a “incredulidade” e o “afastamento de Deus”.

“Porventura não é verdade que o Ocidente, os países centrais do cristianismo se mostram cansados da sua fé e, enfastiados da sua própria história e cultura, já não querem conhecer a fé em Jesus Cristo?”, questionou.

Na celebração, teve lugar a renovação das promessas sacerdotais, feitas pelos padres presentes, no dia da sua ordenação.

“Com imensa gratidão pela nossa vocação e com grande humildade por todas as nossas insuficiências, renovemos neste momento o nosso «sim» ao chamamento do Senhor: Sim, quero unir-me intimamente ao Senhor Jesus, renunciando a mim mesmo”.

A Missa Crismal contou, como um dos seus momentos centrais, com a bênção dos óleos utilizados na celebração dos sacramentos do Batismo, Crisma, Ordem (ordenações de padres e bispos) e Unção dos Doentes.

OC

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Agência ECCLESIA

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