Francisco criticou hoje o primado da economia na sociedade, que considera estar na base de todas as crises atuais, a começar na família
Cidade do Vaticano, 19 out 2015 (Ecclesia) – O Papa condenou hoje no Vaticano o primado da economia na sociedade, base de guerras e desigualdades no mundo, e que lentamente está também a destruir as famílias.
Durante a habitual Eucaristia matinal na Casa de Santa Marta, onde reside, Francisco sublinhou as palavras de Jesus no Evangelho em que “não condena a riqueza mas o apego à riqueza, que divide as famílias e provoca as guerras”.
O Papa argentino deu como exemplo as “muitas famílias” que se desentenderam ou acabaram “por causa de uma herança” ou onde “o mais importante não é o amor pela família, pelos filhos, pelos irmãos, pelos pais, mas pelo dinheiro”.
Esta “idolatria” do dinheiro “destrói”, frisou Francisco, destrói tanto como “as guerras” que hoje subsistem em tantos países.
“Sim. Existe um ideal, mas por trás está o dinheiro: o dinheiro dos traficantes de armas, o dinheiro daqueles que tiram proveito das guerras. Isso acontece na família”, apontou o Papa.
Na sua homilia, publicada pela Rádio Vaticano, Francisco abordou também a questão da desigualdade atual na distribuição da riqueza.
É como a parábola do “homem rico” que teve “colheita abundante”, de que também fala o evangelho.
Em vez de “compartilhar a riqueza com os seus trabalhadores, para que eles também tenham um pouco mais para as suas famílias”, o empresário pensou em “demolir os seus celeiros e construir outros maiores”.
“Quem tem o coração apegado à riqueza quer sempre mais”, é uma “sede que nunca termina” e não deixa lugar “para o serviço aos outros, para a partilha, para levar avante os outros”, concluiu o Papa.
JCP