Leão XIV encontrou-se de forma digital com jovens dos EUA, destacando que «a Igreja não pertence a nenhum partido político»

Cidade do Vaticano, 21 nov 2025 (Ecclesia) – O Papa alertou hoje cerca de 15 mil jovens dos EUA para os limites da Inteligência Artificial (IA), sublinhando que a tecnologia não pode substituir a inteligência humana nem o “verdadeiro crescimento”.
“A IA pode processar informações rapidamente, mas não pode substituir a inteligência humana. E não peçam para que ela faça o vosso trabalho de casa por vocês. Ela não pode oferecer sabedoria real”, disse Leão XIV, num encontro realizado por via digital.
Falando desde o Vaticano para os participantes na Conferência Nacional da Juventude Católica (NCYC), reunidos em Indianápolis (EUA), o Papa sustentou que a segurança no ambiente digital é uma questão de “educação e de responsabilidade pessoal”, para além das regras.
“Todas as ferramentas que nos são dadas, incluindo a IA, devem apoiar essa jornada, não enfraquecê-la”, insistiu.
O Papa desafiou os jovens a usarem as novas tecnologias de forma a que, se estas desaparecessem amanhã, soubessem “como pensar, como criar, como agir” por conta própria.
“A IA não julgará entre o que é verdadeiramente certo e errado. E não ficará maravilhada, com autêntico espanto, diante da beleza da criação de Deus”, acrescentou.
A intervenção destacou a importância do contacto humano direto, afirmando que “a tecnologia nunca pode substituir as relações verdadeiras, pessoais”.
“Coisas simples como um abraço, um aperto de mãos, um sorriso são essenciais para ser humano”, declarou Leão XIV.
O Papa recordou o exemplo de São Carlos Acutis, recentemente canonizado, que utilizava a informática e a internet para a evangelização sem descurar a oração e o serviço aos pobres, pedindo “bom senso” no uso das ferramentas digitais.
Em resposta a perguntas colocadas por jovens de várias dioceses norte-americanas, Leão XIV abordou o futuro da Igreja, rejeitando visões pessimistas e apelando ao protagonismo das novas gerações.
“Vocês não são apenas o futuro da Igreja, vocês são o presente. As vossas vozes, as vossas ideias, a vossa fé são importantes agora”, apontou.
O Papa advertiu contra a polarização, pedindo aos participantes que tenham cuidado para “não usar categorias políticas” para falar sobre a fé, sublinhando que a Igreja “não pertence a nenhum partido político”, mas ajuda a formar as consciências.



O encontro abordou ainda a importância da vida espiritual e do discernimento vocacional, o primeiro pontífice norte-americano na história da Igreja a citar Santo Agostinho para convidar os jovens a uma “amizade verdadeira” com Jesus.
“Se queres mudar o mundo, começa por deixar Deus mudar-te”, indicou.
O Papa respondeu também a inquietações sobre a relevância da fé no mundo contemporâneo, assegurando que a Igreja se prepara para o futuro “permanecendo fiel” e ouvindo as vozes de todos através de um método de diálogo e “conversa no espírito”.
O encontro tem como base o Jubileu dos Influenciadores Digitais, que decorreu nos dias 28 e 29 de julho, e o Jubileu do Jovens, realizado de 28 de julho a 3 de agosto, ambos inseridos no Ano Santo 2025.
Leão XIV destacou, em particular, a “sinceridade e alegria” dos participantes no Jubileu dos Jovens, e sublinhou a importância da oração, na vivência da fé cristã, começando por rezar uma Ave-Maria.
“Estou grato por ter esta oportunidade para falar com vocês, jovens, têm um lugar especial no meu coração”, referiu, sob aplausos dos participantes reunidos nos EUA.
A uma pergunta sobre as distrações, especialmente na oração, o Papa deu uma receita pessoal – “seguir a distração por um momento, ver porque está lá, e depois voltar atrás” -, sublinhando que “há só um Jesus Cristo”.
A Conferência Nacional da Juventude Católica 2025 reúne milhares de jovens, líderes ministeriais, clérigos e voluntários de todo o país para três dias de oração, formação, comunidade e celebração em Indianápolis, nos EUA.
“Nós contamos com vocês, eu conto com vocês, e não com outra pessoa, para ajudar a moldar a Igreja nos próximos anos”, concluiu Leão XIV.
OC
