Texto integra novo livro que reúne 82 intervenções, durante o pontificado e após a renúncia

Cidade do Vaticano, 11 dez 2025 (Ecclesia) – Um novo livro com homilias inéditas de Bento XVI apresenta uma reflexão de 2013, na qual o já Papa emérito alertava para o colapso de uma civilização onde as pessoas se tornam “mercadoria”.
“As almas humanas, as pessoas humanas, tornaram-se mercadoria e, assim, no final, esta civilização entra em colapso, porque já não é cultura, mas anticultura. É precisamente isto que acontece ao homem, à pessoa, quando a alma humana se torna mercadoria”, refere a reflexão, proferida a 14 de julho de 2013 no Mosteiro ‘Mater Ecclesiae’, onde Bento XVI residiu após a renúncia ao pontificado e até à sua morte, a 31 de dezembro de 2022.
A homilia integra o volume ‘Deus é a verdadeira realidade’, lançado pelo Vaticano.
O livro, que reúne 82 homilias de Bento XVI, proferidas durante o seu ministério petrino e após a sua renúncia.
O Papa emérito referia, em julho de 2023, o impacto sobre as pessoas mais pobres dos “traficantes que prometem ao povo do Corno de África levá-los aos paraísos terrestres do Ocidente”.
“Não se importam com o destino dessas pessoas”, lamentava, sublinhando que “só se preocupam com dinheiro”.
O texto denunciou ainda as redes que exploram mulheres para a prostituição e o drama da droga, onde quem anseia por beleza cai em “falsos paraísos que destroem”.
Bento XVI analisou os ideais da era moderna – progresso e liberdade – reconhecendo os avanços na medicina e na sensibilidade social, fruto da “luz do Evangelho”, mas alertando para a ambiguidade do poder humano.
“Se o homem começar a produzir-se a si mesmo, a fabricar o homem e a considerar o homem como uma mercadoria”, advertiu, “todo este progresso torna-se um instrumento de autodestruição; deixa de ser progresso e passa a ser uma ameaça”.
Compreendemos que somos verdadeiramente todos irmãos e irmãs; mesmo os pobres são nossos irmãos e irmãs, mesmo os de outra raça ou religião são membros da mesma família. Devemos trabalhar para prevenir a violência, para quebrar a corrente do mal, para ajudar.”
Sobre a liberdade, Bento XVI criticava a “liberdade destrutiva” que, em nome da autonomia individual, cria novas escravidões.
A homilia, agora publicada, apontou a conversão do coração como única solução, passando do “coração de pedra” para um “coração de carne”.
OC
