Cidade do Vaticano, 29 abr 2014 (Ecclesia) – O Papa Francisco disse hoje, na homilia da Missa da manhã na Casa de Santa Marta, no Vaticano, que a “harmonia”, o “testemunho” e a “atenção aos pobres” são caraterísticas essenciais de uma comunidade cristã.
“A multidão de quantos se tornaram crentes tinha um só coração e uma só alma e esta é a primeira característica, sendo que a segunda se constitui pelo facto de que se tratava de uma multidão que dava testemunho do Senhor Jesus com grande força, e a terceira que nenhum deles era necessitado”, disse Francisco.
Referindo-se a um trecho dos atos dos apóstolos (4, 32) para frisar como a Igreja, depois de ter recordado toda a semana passada o sentido do “renascer do alto”, hoje mostra o ícone daquela que “era a comunidade dos novos cristãos”: um “povo recém-nascido”, formado por pessoas que “ainda não se chamavam cristãs”, Francisco evoca as “três peculiaridades deste povo renascido: a harmonia entre eles, a paz; o testemunho forte da ressurreição de Jesus Cristo e os pobres”.
Lembrando de seguida que contudo “nem sempre foi assim”, o Papa referiu que com o passar do tempo “verificaram-se entre eles lutas internas, doutrinais, de poder e também na relação com os pobres surgiram problemas; as viúvas lamentavam-se de que não eram bem assistidas”.
Contudo este ícone “mostra como deve ser realmente o modo de viver de uma comunidade cristã”, daqueles que creem em Jesus.
“Antes de tudo é necessário construir um clima no qual reine a paz e a harmonia. Tinham um só coração e uma só alma…” A paz, uma comunidade em paz. Isto significa que naquela comunidade não há lugar para tagarelices, invejas, calúnias, difamações, mas só para a paz, porque o perdão e o amor cobria tudo”, sublinhou Francisco.
Para qualificar uma comunidade cristã neste sentido o Papa explica que “se deve perguntar como é a atitude dos cristãos? Se são mansos, humildes? Naquela comunidade há contendas pelo poder, litígios por inveja? Há tagarelices? Se assim for não estão no caminho de Jesus Cristo”.
Com efeito, a paz numa comunidade é uma “peculiaridade muito importante porque o demónio procura dividir, sempre. É o pai da divisão; com a inveja, divide. Jesus mostra este caminho, o da paz e do amor entre todos”.
Explicando depois o segundo trecho característico deste ícone, o Papa convidou todos a questionar-se se a comunidade cristã “dá testemunho da ressurreição de Jesus Cristo: esta paróquia, esta comunidade, esta diocese acredita deveras que Jesus Cristo ressuscitou?”, lembrando que no caso em que a resposta não seja explícita e decidida, “talvez o coração esteja distante desta certeza”.
Quanto aos pobres e ao lugar que eles ocupam na sociedade, o Papa disse que sobre este aspeto deve ser feito um exame de consciência que se pode subdividir em duas partes: “Qual é a tua atitude, a atitude desta comunidade com os pobres?” e depois “esta comunidade é pobre? Pobre de coração ou pobre de espírito? Ou põe a sua confiança nas riquezas, no poder?”.
“Pensemos nas nossas comunidades, nas nossas paróquias, nos nossos movimentos, nos nossos colégios, nas nossas dioceses”, desafiou.
“O Espírito Santo, desejou, ajude-nos a ir por este caminho, o caminho de quantos renasceram no batismo”, conclui Francisco.
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