«Os migrantes não são um perigo, mas estão em perigo» disse a cerca de 500 meninos e meninas que vivem em centros de acolhimento
Cidade do Vaticano, 28 mai 2016 (Ecclesia) – O Papa recebeu hoje no Vaticano cerca de 500 meninos e meninas acolhidos em centros para migrantes, na estação de caminho de ferro da Cidade-Estado.
"Os migrantes não são um perigo, mas estão em perigo", disse Francisco aos participantes na iniciativa.
A chegada do ‘Comboio das Crianças’, que partiu da Calábria, na região sul do território transalpino, foi assinalado com lançamento de balões em homenagem às crianças que morreram na travessiar para a Europa, no mar.
Já na sala Paulo VI, o Papa ouviu Sayende, menino nigeriano, pedir orações pelos seus familiares e amigos que “morreram na água”.
Francisco recordou que na quarta-feira recebeu o colete salva-vidas que estava a ser usado por uma menina síria, que se afogou, para evocar todos os que “estão em perigo”.
“Uma pessoa que fecha o coração não tem o coração humano”, assinalou depois, a respeito dos que não querem “deixar passar” migrantes e refugiados.
A iniciativa do Átrio dos Gentios, uma estrutura do Conselho Pontifício da Cultura (Santa Sé), tem como tema ‘Levados pelas ondas’ e decorreu em parceria com a companhia ferroviária estatal italiana.
Os participantes percorreram cerca de 700 quilómetros até chegarem ao Vaticano, onde foram recebidos por 60 crianças da Orquestra Infantil ‘Quattrocanti’ e por 50 da associação Desporto Sem Fronteiras.
“O ponto culminante da jornada é sempre o encontro com o Papa Francisco, que oferece ao pequenos a possibilidade de serem escutados, tornando deste modo o Átrio num espaço privilegiado de intercâmbio e diálogo entre jovens e adultos”, explica a organização, em comunicado.
O diretor do Átrio dos Gentios, padre Laurent Mazas, disse à Rádio Vaticano que depois de, em 2015, se ter chamado a atenção para a situação dos filhos dos presos, este ano a iniciativa quis recordar "as crianças migrantes, que fogem das suas casas, por causa das guerras e de outras questões".
"As regiões do sul da Itália, inclusive a Sicília, são lugares onde, todos os dias, desembarcam milhares de refugiados provenientes de países vizinhos, sobretudo do norte da África, correndo riscos de vida", alertou.
OC
Notícia atualizada às 14:45