Papa diz que proposta da fé tem de incluir a cruz de Jesus
Cidade do Vaticano, 29 mai 2013 (Ecclesia) – O Papa Francisco afirmou hoje no Vaticano que a Igreja tem de resistir à tentação do “triunfalismo” e incluir no seu anúncio a “cruz” de Jesus.
“Nós queremos o triunfo imediato, sem passar pela cruz, um triunfo mundano, um triunfo razoável”, disse, na homilia da missa a que presidiu na capela da Casa de Santa Marta.
A intervenção aludiu à situação dos primeiros discípulos de Jesus, que num primeiro momento não aceitaram a ideia da morte do seu mestre, para falar de um “Cristianismo sem cruz” que deixa a Igreja a “meio do caminho”.
“A tentação dos discípulos é a mesma de Jesus no deserto, quando o diabo lhe foi propor um outro caminho”, frisou, sugerindo ações espetaculares para que todos “vissem o milagre”.
“O triunfalismo na Igreja trava a Igreja, o triunfalismo nos cristãos trava os cristãos”, acrescentou.
O Papa avisou que esta atitude pode levar a renegar “os mártires”, porque “uma Igreja que pensa apenas nos triunfos, nos sucessos, não sabe qual é a regra de Jesus: a regra do triunfo através do falhanço, do falhanço humano, o falhanço da cruz”.
Francisco evocou um momento “escuro” da sua vida espiritual e narrou o episódio de uma confissão a uma religiosa, já idosa, que lembrou como uma “mulher de Deus”, a qual lhe disse que o Senhor lhe daria “uma graça”, mas “ao seu modo divino”.
“O modo divino envolve a cruz, não por masoquismo, não, mas por amor, por amor até ao fim”, prosseguiu.
Em conclusão, o Papa rezou por uma Igreja “humilde, que caminha com decisão, como Jesus”.
O porta-voz do Vaticano veio esclarecer, após a celebração, que as homilias destas missas matinais se enquadram num contexto de cerimónias “mais familiares e privadas”, pelo que não são publicadas na íntegra para “respeitar o caráter específico da situação, da espontaneidade e da familiaridade das expressões” de Francisco.
A solução tem passado pela divulgação de vários excertos, através dos órgãos de informação do Vaticano, para respeitar “a vontade do Papa e a natureza das celebrações”, explicou o padre Federico Lombardi.
OC