Vaticano: Fechar fronteiras não é solução para lidar com migrantes e refugiados

Santa Sé vai apresentar novo documento orientador para o setor

Cidade do Vaticano, 05 jun 2013 (Ecclesia) – O presidente do Conselho Pontifício para os Migrantes e Itinerantes (CPPMI) referiu hoje que o tratamento dado a estas populações é a “medida da civilização do mundo”, pedindo aos políticos que evitem medidas restritivas, como “fechar fronteiras”.

“Parece que a prioridade está a ser dada às estratégias para manter distantes errantes e desalojados. A mera presença de refugiados ou de pessoas deportadas é sentida como problema, em vez de se ter em consideração as razões pelas quais foram obrigados a fugir”, escreve o cardeal Antonio Maria Vegliò, no jornal do Vaticano, ‘L’Osservatore Romano’.

O responsável antecipa a publicação do documento com orientações pastorais “Acolher Cristo nos refugiados e nas pessoas forçadamente desenraizadas”, elaborado pelo CCPMI e o Conselho Pontifício ‘Cor Unum’, responsável pela coordenação das organizações caritativas na Igreja Católica.

“A atitude de muitos governos tornou-se mais rígida. E isto impõe uma reflexão, dado que aparentemente as medidas dissuasoras ganharam terreno no centro das decisões políticas em relação aos incentivos para o bem estar das pessoas”, observa o cardeal italiano.

O presidente do CPPMI diz que a solução não passa pelo encerramento das fronteiras e frisa que há “uma opinião pública cada vez mais desconfiada”.

“Tudo isto está a ameaçar o espaço de proteção” dos migrantes, alerta.

Segundo D. Antonio Maria Vegliò, o novo texto da Santa Sé “reflete a situação dos refugiados, desalojados, apátridas e vítimas das diversas formas de tráfico de seres humanos”.

“A natureza da migração forçada mudou. Homens, mulheres e crianças são obrigados a deixar as suas casas por muitos motivos diversos, pelo que se tornou menos evidente a diferença entre migração forçada e migração voluntária por causa do trabalho”, sustenta.

O novo documento orientador foi comentado pelo Papa Francisco numa audiência aos membros do CPPMI, a 24 de maio, na qual chamou a atenção “para milhões de refugiados, deslocados e apátridas”, evocando também “o flagelo do tráfico de seres humanos, que diz respeito cada vez com mais frequência às crianças, envolvidas nas piores formas de exploração e recrutadas até para conflitos armados”.

“Insisto que o tráfico de pessoas é uma atividade ignóbil, uma vergonha para as nossas sociedades, que se dizem civilizadas”, declarou.

OC

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Agência ECCLESIA

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