Comunidade internacional chamada a oferecer ajuda aos refugiados e deslocados internos que fogem da guerra O Vaticano pediu que a comunidade internacional encontre “formas concretas de auxílio” para as populações do Iraque que fogem da guerra e da violência no país. D. Silvano Tomasi, representante da Santa Sé na conferência da ONU sobre os refugiados iraquianos, que decorre em Genebra, utilizou o retrato oferecido pela imprensa internacional para afirmar que hoje “é mais fácil morrer do que viver no Iraque”, por causa da “violência crescente e das atrocidades diárias”. Com dois milhões de deslocados internos e outros dois milhões de refugiados, o Iraque está a tornar-se um factor de instabilidade no Médio Oriente, sobrecarregando os seus países vizinhos. Por isso, referiu o Arcebispo Tomasi, “é urgente que a comunidade internacional assuma a sua quota-parte de responsabilidade na protecção e assistência” aos refugiados. Os países que estão a acolher estes iraquianos em fuga “não podem ser ignorados e devem receber solidariedade urgente e concreta”. Lamentando que não tenham sido ouvidos os apelos de João Paulo II, que se opunha claramente a qualquer intervenção militar no país, o representante da Santa Sé disse que “o mundo está a testemunhar um nível de ódio e destruição sem precedentes no Iraque”. Um olhar especial foi lançado sobre a situação dos cristãos e de outras minorias religiosas, “alvos de limpeza étnica e religiosa por parte de grupos radicais”, estando agora numa espécie de “limbo”, sem perspectivas de regresso a casa e sem possibilidade de se instalarem noutro local. Neste encontro, o Alto-Comissário da ONU para os Refugiados pediu à comunidade internacional solidariedade “urgente e significativa” para os milhões de iraquianos refugiados e deslocados vítimas do conflito no Iraque. “As necessidades consideráveis dos iraquianos e os desafios que enfrentam os países que os acolhem requerem uma acção urgente e significativa da comunidade internacional e um partilhar de um fardo que esse acolhimento implica”, afirmou António Guterres. Neste encontro de dois dias, que hoje se encerra, marcam presença 450 delegados de 60 países, 37 organismos internacionais e 64 organizações não-governamentais. A todos os presentes, a Santa Sé assinalou que “o maior desafio é encontrar um caminho para a reconciliação, reconstruindo a vontade de diálogo e esperando que a paz possa vencer”. “Uma ajuda humanitária generosa, atempada e coordenada para todas as vítimas desta violência horripilante trar-lhes-á justiça e iniciará o indispensável processo de curar a sua trágica condição”, concluiu o Arcebispo Tomasi.