Novidades aplicadas à liturgia foram acolhidas pelos clérigos minhotos «com muito entusiasmo», recorda o padre Joaquim Carvalho
Braga, 20 fev 2014 (Ecclesia) – O padre Joaquim Felix Carvalho, professor de liturgia na Faculdade de Teologia de Braga, é um dos especialistas presentes no simpósio do Vaticano sobre os 50 anos da constituição “Sacrosanctum Concilium”, saída do Concilio Vaticano II.
Em declarações publicadas hoje na edição do suplemento “Igreja Viva”, do Diário do Minho, o sacerdote revela alguns dos pontos que levou para reflexão, na iniciativa promovida pela Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, sobretudo a forma como a “Sacrosanctum Concilium” mudou “o Rito Bracarense”.
De acordo com o formador do Seminário Conciliar de Braga, o decreto sobre a liturgia, que entrou em vigor a 16 de fevereiro de 1964, alterou um conjunto de “costumes próprios” que marcavam a vivência das comunidades católicas bracarenses “desde o século XIII”, quer ao nível da “Eucaristia, quer dos demais sacramentos”.
A última edição do missal de Rito Bracarense datava de 1924 e tinha sido aplicada “em toda a Arquidiocese por decisão de D. Manuel Vieira de Matos”, na altura arcebispo de Braga.
“Com a reforma litúrgica do Vaticano II, os clérigos começam a acompanhar com muito entusiasmo as novidades aplicadas à liturgia romana, adotando os livros litúrgicos reformados” e “acabando por progressivamente deixar a celebração segundo o Rito Bracarense”, explica o padre Joaquim Felix Carvalho.
No entanto, “por força de circunstâncias limitadoras na Arquidiocese”, a “reforma do Rito Bracarense segundo as orientações do Concílio Vaticano II não se chegou a realizar, aprovando-se apenas um esquema de apoio à celebração do Tríduo Pascal”.
Entre as principais “características do património litúrgico bracarense” estão por exemplo “as referências particulares ao Espirito Santo” e “à figura de Maria”, adianta o especialista.
O “Rito Bracarense” continua a ser aplicado “no dia 2 de Fevereiro (Dia da Apresentação do Senhor) e no Domingo de Ramos”.
Na opinião do padre Joaquim Felix Carvalho, a existência hoje de ritos, de “livros próprios – missal, liturgia das horas – não se justifica”.
“Mais do que uma estrutura celebrativa própria da Eucaristia, o Rito Bracarense pode ocupar o seu lugar na Arquidiocese através de um conjunto de orações, formas de bênção, hinos e expressões próprias, enriquecidas com o património histórico, sem afetar a matriz fundamental do Rito Romano celebrado na Igreja”, sustenta o docente.
O simpósio do Vaticano, intitulado “Sacrosanctum Concilium: gratidão e compromisso para um grande movimento de comunhão eclesial”, começou terça-feira na Universidade Pontifícia Lateranense, em Roma.
A iniciativa, que tem hoje o seu último dia de trabalhos, contou com a participação de D. José Cordeiro, bispo da Diocese de Bragança-Miranda, que abordou “o ensino da liturgia nas faculdades, seminários e casas de formação após a Sacrosanctum Concilium”.
JCP