Vaticano envia recados à Organização Mundial do Comércio

O jornal oficioso da Santa Sé, “L’Osservatore Romano”, publicou na sua edição em italiano de ontem uma nota sobre as orientações éticas para o comércio internacional, numa altura em que a Organização Mundial do Comércio começa a sua cimeira internacional no México. “Compete aos países mais ricos atacar e remediar os defeitos e condições menos favoráveis dos países pobres, como se se tratasse deles mesmos”, diz o texto. Após ter recordado que “o ser humano deve ser sempre um fim e não um meio, um sujeito e não um objecto ou mercadoria”, o artigo sublinha que a OMC foi uma “grande inovação” na medida em que visava impedir “acções comerciais unilaterais injustas”. O problema para os peritos da Santa Sé está na falta de respostas concretas aos ideias que estiveram na base da OMC. “Os interesses nacionais que prevalecem nas negociações actuais, apesar das declarações em favor de objectivos de desenvolvimento dos países mais pobres, não servem a ideia da família das nações”, pode ler-se no artigo. Assim, o Vaticano deixa o desafio de criar “um sistema regulador do comércio que dê aos países em desenvolvimento um benefício económico e a autonomia para atingir os seus objectivos de desenvolvimento humano”. O artigo conclui lembrando que a integração dos países pobres num sistema comercial mundial “é do interesse de todos”, desde que se tenham em conta “a justiça social e o desenvolvimento humano”.

Partilhar:
Scroll to Top