O Vaticano enviou uma carta aos Bispos e padres da China, reconhecendo o que muitos deles “sofreram no passado recente” por se manterem unidos ao Papa, contra as orientações de Pequim.
A carta, divulgada pela Agência Fides esta Quinta-feira, é assinada pelo prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos, Ivan Dias, e o secretário deste dicastério da Cúria Romana, Arcebispo Robert Sarah.
Amos prestam “homenagem” a quanto recusaram a submissão ao regime chinês e mantiveram a “comunhão com o Santo Padre”.
A missiva considera que “a fidelidade exemplar e o valor admirável demonstrados pelos católicos na China, para com a Sé de Pedro, são um dom precioso do Senhor”.
Os responsáveis do Vaticano para o mundo missionário falam na necessidade de “união entre os membros da comunidade eclesial”, o que consideram um “repto importante” dentro da Igreja chinesa.
Neste contexto, é recordado o “importante papel de um Bispo ou de um sacerdote como agentes da unidade no seio da Igreja de Deus”.
A carta, em chinês, conclui com elogios aos esforços realizados para dar resposta às indicações deixadas pelo Papa, na carta que dirigiu aos Bispos e padres na China, em Maio de 2007.
O Cardeal Dias assegura a “proximidade espiritual” de Bento XVI, “que com afecto pessoal vos abençoa” e “convida a continuar sem medo pelo caminho da santidade, da unidade e da comunhão, como fizeram as gerações que vos precederam”.
A China, com os seus mais de 1,3 mil milhões de habitantes, representa uma prioridade e uma forte esperança para o futuro da Igreja Católica, que conta com mais de 12 milhões de fiéis no país, menos de 1% da população total.
O Vaticano tem manifestado, por diversas vezes, o desejo de que a China respeite a liberdade de culto e de religião no país, cuja ausência afecta de forma especial os mais de 8 milhões de católicos que vivem a sua fé na clandestinidade.
Para o restabelecimento de relações diplomáticas, a China exige que o Vaticano deixe de reconhecer Taiwan como país independente e que o Vaticano aceite também a nomeação dos bispos chineses por parte da Associação Patriótica Católica (APC), controlada pelo Estado.
A APC foi criada em 1957, para evitar “interferências estrangeiras”, em especial do Vaticano, e para assegurar que os católicos viviam em conformidade com as políticas do Estado.
A partir da década de 80 do século passado, a APC passou a procurar a aprovação pontifícia para os seus Bispos, em segredo. Hoje em dia, estima-se que cerca de 90% dos Bispos da APC sejam reconhecidos pelo Vaticano.