Vaticano: Encontro Mundial dos Movimentos Populares começou com denúncia da «ditadura do dinheiro»

Iniciativa reúne em Roma representantes das periferias de todo o mundo

Cidade do Vaticano, 03 nov 2016 (Ecclesia) – O presidente do Conselho Pontifício Justiça e Paz no Vaticano destacou esta quarta-feira a urgência de “denunciar a ditadura do dinheiro”, na abertura do terceiro Encontro Mundial dos Movimentos Populares.

“Não só a ditadura do dinheiro e a injustiça social mas dar aos pobres, e aos movimentos de base, a possibilidade de se conhecerem e dialogarem, para se tornarem eles próprios protagonistas da mudança que todos desejamos”, apontou o cardeal Peter Turkson.

O evento foi lançado pelo Papa Francisco em 2014 para dar voz aos mais pobres e marginalizados da sociedade e tem este ano como tema “Terra, Casa, Trabalho”.

De acordo com a Rádio Vaticano, acorreu a Roma “uma plateia vinda das periferias de todo o mundo, com o firme desejo de encontrar soluções concretas para as dores e dificuldades dos mais carenciados”.

Em cima da mesa, até ao próximo domingo, estarão desafios como “a relação entre o povo e a democracia, o território e a natureza, e o sofrimento dos migrantes e dos refugiados”.

D. Peter Turkson salientou que as palavras-chave do encontro, “Terra, Casa, Trabalho”, vão ao encontro daquelas que são as prioridades da Igreja Católica para as pessoas.

Durante o primeiro dia foram apontados fatores e estruturas que contribuam e muitas vezes eternizam o ciclo da pobreza, como as “democracias de fachada”, no plano político, a falta de trabalho e de trabalho digno, a discriminação social.

Pelo continente europeu pronunciou-se o padre italiano Luigi Ciotti, dos Grupos Abele e Libera, que se dedicam à defesa das minorias e ao combate à corrupção e ao crime, respetivamente.

Para o sacerdote, “os pobres têm antes de mais necessidade de dignidade”.

“Não basta acolher, é necessário reconhecer. E assim é claro que nós não podemos construir esperança, se não partindo de quem perdeu toda a esperança. É a partir deles que podemos esperar novamente, porque a esperança ou é de todos ou não é esperança”.

Aquele responsável destacou ainda a noção de “ecologia integral”, defendida pelo Papa Francisco na encíclica ‘Laudato Si’, para apontar a uma mudança que tenha em conta tanto a parte social como a ambiental, porque as duas estão interligadas; deu como exemplo a crise migratória, que desafia à construção de “uma cultura viva, autêntica, sólida”, que não tenha “nunca medo de se abrir aos outros”.

No próximo sábado, o terceiro Encontro Mundial dos Movimentos Populares vai levar os participantes a uma audiência com o Papa Francisco.

JCP

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