Reflexão sobre a oração marcou a audiência pública na Praça de São Pedro
Cidade do Vaticano, 01 jun 2016 (Ecclesia) – O Papa Francisco disse hoje que é preciso “recuperar” os valores da intimidade e do silêncio onde Deus se encontra e onde fala a cada um, referindo que o importante “não é rezar muitas vezes”, mas bem e com o coração limpo.
“Não basta pois, considerar quanto é que rezamos, devemos antes perguntar como é que rezamos, ou melhor, como está o nosso coração: É importante examiná-lo e avaliar os pensamentos e sentimentos e evitar a arrogância e a hipocrisia”, assinalou na audiência pública semanal desta quarta-feira.
A catequese do Papa partiu da leitura da parábola do fariseu e do publicano e o Francisco diferenciou que enquanto um reza “a si mesmo, numa ação egoísta e vazia”, o outro humildemente invoca piedade por saber-se pecador.
“Eu pergunto: é possível rezar com arrogância? Não! É possível rezar com hipocrisia? Não! Devemos rezar diante de Deus como nós somos”, alertou na Praça de São Pedro.
Francisco referiu que “a soberba compromete toda boa ação”, esvazia a oração, afasta de Deus e dos outros e explicou que com a parábola (cf. Lc 18,9-14) Jesus quer “ensinar o que é a atitude certa para rezar e invocar a misericórdia do Pai”
“Se a oração do soberbo não chega ao coração de Deus, a humildade do miserável o escancara”, diferenciou, destacando que Deus tem “uma fraqueza” pelos humildes e perante um coração humilde Ele “abre o Seu coração totalmente”.
Francisco observou também que na sociedade atual as pessoas vivem presas ao frenesim do ritmo quotidiano, mergulhados em sensações que confundem e atordoam.
“É necessário parar e redescobrir o caminho para o nosso coração, recuperar o valor da intimidade e do silêncio, porque é aí que Deus se encontra e nos fala”, explicou.
O Papa destacou que o publicano que se tornou um “ícone do verdadeiro crente” apresenta-se no templo com um “coração humilde e contrito” e em pé, ao longe, diz uma oração “muito curta” – “Ó Deus, tem piedade de mim, pecador” – e pediu aos peregrinos que rezassem com ele a mesma oração.
“A parábola ensina que se é justo ou pecador não pela sua posição social mas pela maneira como você se relaciona com Deus e os irmãos”, sublinhou.
O Papa recordou que esta sexta-feira a Igreja celebra a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus que este ano é “enriquecida” pelo Jubileu dos Sacerdotes, que se assinala entre hoje e dia 03.
“Convido todos a rezar ao longo do mês de junho ao coração de Jesus e a apoiar com proximidade e afeto os vossos sacerdotes, para que sejam sempre imagem daquele Coração cheio de amor misericordioso”, pediu.
Neste contexto, e na saudação em língua italiana, o Papa dirigiu um “pensamento especial” aos jovens, os doentes e recém-casados; Aos jovens pediu que vejam no Coração de Jesus “o alimento da sua vida espiritual e a fonte de esperança”, aos doentes que ofereçam o seu sofrimento ao Senhor porque “Ele continua a alargar o seu amor nos corações dos homens” e aos recém-casados que participem na Eucaristia porque “alimentados por Cristo” vão ser “famílias cristãs tocados pelo amor do Divino Coração”.
Francisco saudou depois os fiéis presentes na Praça de São Pedro nomeadamente em língua portuguesa como os alunos da Escola Eça de Queiroz e os fiéis da Paróquia da Lapa.
“Deus ensina-nos a sair de nós mesmos para ir ao encontro dos outros que vivem na provação, levando-lhes consolação, luz e esperança. Sobre vós e vossas famílias, desça a bênção do Senhor”, disse na saudação aos peregrinos portugueses.
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