Declaração sobre dignidade humana aborda temas de ética e direitos humanos, à luz do pensamento católico, após cinco anos de trabalho
Cidade do Vaticano, 08 abr 2024 (Ecclesia) – O Dicastério para a Doutrina da Fé alertou hoje, numa nova declaração sobre a dignidade humana, para as “profundas cicatrizes” deixadas pelos abusos sexuais.
“A profunda dignidade inerente ao ser humano, na sua inteireza de alma e corpo, permite também compreender por que todo abuso sexual deixa profundas cicatrizes no coração daquele que o sofre: de facto, reconhece-se ferido na sua dignidade humana”, indica o texto intitulado ‘Dignidade infinita’.
O organismo da Sant Sé destaca o compromisso de “colocar fim a qualquer tipo de abuso”, a começar pelo interior da própria Igreja.
A nota doutrinal, fruto de cinco anos de trabalho, passa em revista o magistério papal das últimas décadas sobre temas que vão da guerra à pobreza, da violência contra os migrantes ou contra as mulheres, do aborto à maternidade de substituição e à eutanásia, abordando ainda a ideologia do género e a dignidade da pessoa com deficiência.
O texto, aprovado pelo Papa a 25 de março, começa por três capítulos sobre os fundamentos do pensamento católico e da “antropologia cristã” nas matérias que são abordadas no quarto capítulo, dedicado a “algumas violações graves da dignidade humana”.
Esta, pode ler-se, é uma “dignidade inalienável” que está “para além de qualquer mudança cultural”.
“A Igreja proclama a igual dignidade de todos os seres humanos, independentemente da sua condição de vida ou das suas qualidades”, indica a Doutrina da Fé.
O Vaticano renova a condenação de “tudo o que é contra a própria vida, como todos os tipos de homicídio, genocídio, aborto, eutanásia e o próprio suicídio voluntário”, bem como de “tudo o que viola a integridade da pessoa humana, como as mutilações, as torturas infligidas ao corpo e à mente, os constrangimentos psicológicos”.
A defesa da vida, acrescenta o documento, inclui ainda “tudo o que ofende a dignidade humana, como as condições de vida sub-humanas, a prisão arbitrária, a deportação, a escravatura, a prostituição, o mercado das mulheres e dos jovens, ou ainda as ignominiosas condições de trabalho em que os trabalhadores são tratados como meros instrumentos de lucro e não como pessoas livres e responsáveis”.
O documento evoca o 75.º aniversário da promulgação da Declaração Universal dos Direitos humanos.
“Com a presente Declaração, a Igreja ardentemente exorta a colocar o respeito pela dignidade da pessoa humana, para além de qualquer circunstância, no centro dos esforços pelo bem comum e de qualquer ordenamento jurídico”, assinala o Dicastério para a Doutrina da Fé.
OC