Vaticano: Igreja vive dia de festa com a canonizações

Papa preside à celebração na Praça de São Pedro, com bispos de todo o mundo

Cidade do Vaticano, 14 out 2018 (Ecclesia) – O Vaticano espera mais de 70 mil pessoas, este domingo, para a celebração a Missa de Canonização de sete novos santos, entre eles o Papa Paulo VI e arcebispo salvadorenho D. Óscar Romero.

A cerimónia é presidida pelo Papa, a partir das 10h15 locais (menos uma em Lisboa), com bispos de todo o mundo, que participam no Sínodo 2018.

Francisco tem manifestado em diversas ocasiões a sua admiração por Paulo VI, uma figura que o inspira pelo seu testemunho de amor a Cristo e à Igreja, com aconteceu aquando do 40.º aniversário da sua morte: “Que interceda do Céu pela Igreja, que tanto amou, e pela paz no mundo. Saudemos este grande Papa da modernidade com um aplauso”.

A mesma admiração é reserva a D. Óscar Romero: “Este pastor zeloso, a exemplo de Jesus, escolheu estar no meio do seu povo, especialmente os pobres e os oprimidos, mesmo às custas da sua vida”.

As biografias oficiais divulgadas pelo Vaticano para as canonizações recolhem esta perspetiva do Papa sobre os novos santos.

Os dois foram apresentados pelo cardeal Angelo Becciu, prefeito da Congregação para a Causa dos Santos (Santa Sé), em conferência de imprensa, como “homens santos, homens de fé, de oração, de completa dedicação ao Evangelho”.

Já o bispo auxiliar de San Salvador, cardeal Gregorio Rosa Chávez, antigo secretário de D. Óscar Romero, adiantou que a cerimónia deve contar com mais de 5 mil salvadorenhos e mais 2 mil emigrantes de outras partes do mundo.

A 7 de março, Francisco autorizou a publicação do decreto que reconhece um milagre atribuído à intercessão de D. Óscar Romero, antigo arcebispo de El Salvador, onde foi morto a tiro em 1980, às mãos da junta militar que dominava o país.

A decisão abriu caminho à canonização do arcebispo, beatificado como “mártir” da fé católica a 23 de maio de 2015.

“Eu sinto que, enquanto caminhar no cumprimento do meu dever, deslocando-me livremente para ser um pastor das comunidades, Deus acompanha-me. E se me acontecer alguma coisa, estou disposto a tudo”, referia o futuro santo, em declarações agora tornadas públicas, através de um vídeo dos serviços de comunicação do Vaticano.

Também a 7 de março, Francisco aprovou um milagre atribuído à intercessão do Beato Paulo VI (1897-1978), abrindo assim caminho à sua canonização.

Paulo VI, o pontífice que liderou a Igreja Católica entre 1963 e 1978, período em que encerrou o Concílio Vaticano II, foi beatificado pelo Papa Francisco a 19 de outubro de 2014.

O futuro santo foi o primeiro Papa a fazer viagens internacionais, entre as quais uma visita a Fátima, a 13 de maio de 1967; escreveu sete encíclicas, entre as quais a ‘Populorum progressio’ (1967), sobre o desenvolvimento dos povos, e a ‘Humanae vitae’ (1968), sobre a regulação da natalidade, tendo instituído o Sínodo dos Bispos e o Dia Mundial da Paz.

O cardeal Becciu recordou aos jornalistas que Paulo VI sofreu “contestação aberta”, tanto pelo seu empenho na aplicação do Concílio Vaticano II como pelas posições assumidas na ‘Humanae vitae’.

“Depois desta encíclica, ele sabia o que o esperava: impopularidade. Mas ele respondia com a sua consciência e não procurar aplausos. Para ele, o que estava sempre em primeiro plano eram Deus, a sua consciência e a Igreja”, acrescentou o prefeito da Congregação para as Causas dos Santos.

O responsável da Santa Sé confirmou que Bento XVI não estará presente na Missa de canonização de domingo, por motivos de saúde, e que Paulo VI continuará sepultado nas Grutas do Vaticano, seguindo as determinações do seu testamento, não sendo assim trasladado para a Basílica de São Pedro.

O Papa Francisco foi visitar este sábado o seu antecessor, no Mosteiro Mater Ecclesiae; Joseph Ratzinger foi criado cardeal por Paulo VI, no último consistório deste pontífice, em junho de 1977.

O programa 70×7 (RTP2) deste domingo apresenta, a partir das 17h45, um conjunto de depoimentos e imagens evocativas dos novos santos Paulo VI e Óscar Romero.

O padre Antonio Marazzo, postulador da Causa de Canonização de Paulo VI, fala numa pessoa “sincera, autêntica, que transmitia aquilo que vivia dentro de si”.

Paulo VI é o quarto pontífice do século XX a ser canonizado, depois de Pio X, João XXIII e João Paulo II

Já o cardeal Gregorio Rosa Chávez evoca D. Óscar Romero como “um santo que é cada vez mais conhecido e mais amado no mundo”, particularmente importante para o pontificado do Papa Francisco.

Os outros futuros santos são os padres Francesco Spinelli (1853-1913) e Vincenzo Romano (1751-1831); as religiosas Maria Catarina Kasper (1820-1898) e Nazária Inácia de Santa Teresa de Jesus (1889-1943); e o jovem leigo italiano Nunzio Sulprizio (1817-1836).

OC

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Agência ECCLESIA

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