O Vaticano voltou a alertar para as eventuais injustiças ou danos ao meio ambiente que a introdução de organismos geneticamente modificados (OGM) pode provocar. O presidente do Conselho Pontifício para a Pastoral da Saúde, cardeal Javier Lozano Barragán mostrou-se favorável ao desenvolvimento da biotecnologia, em particular quando esta ajuda na luta contra a fome no mundo, mas pede cautala antes da introdução dos transgénicos. “Os OGM na agricultura devem ter como objectivo um desenvolvimento sustentável nas áreas rurais, assegurando uma participação justa e adequada dos interesses tanto dos ricos como dos pobres”, reconheceu o cardeal numa intervenção recolhida pela agência de notícias Zenit. A Comissão Europeia decretou na semana passada o fim da moratória à autorização de entrada de novos organismos geneticamente modificados (OGM) no mercado comunitário ao autorizar, pela primeira vez em cinco anos, a importação de um tipo de milho de conserva para pipocas, mais conhecido por BT-11. A Comissão tem 33 pedidos relativos à comercialização ou cultivo de OGM à espera de autorização, que deverão agora ser objecto de processos mais expeditos. Para o “ministro da saúde” do Vaticano, “há que estudar o potencial dos OGM para intensificar a produção alimentar, os efeitos indesejáveis que se apresentam hoje e no futuro, os problemas gerados no meio ambiente, a transferência de possíveis toxinas e alergias, a diminuição da biodiversidade e o desaparecimento dos pequenos agricultores por causa das grandes empresas de OGM”. “Estamos num mundo onde o poder económico se concentra cada vez mais nas grandes companhias multinacionais que actuam para além do controlo dos governos dos Estados e que a tendência é passar dos serviços públicos e da regulamentação para a privatização e à falta de regras”, concluiu. O Conselho Pontifício Justiça e Paz está a preparar, desde há alguns meses, um documento para analisar as repercussões éticas da introdução dos OGM.