Vaticano descarta polémicas à volta do discurso papal sobre o secularismo

Padre Federico Lombardi assegura que o Papa não tinha a intenção de provocar ninguém. Autoridades falam em 250 mil pessoas presentes em Barcelona

O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, assegurou este Domingo que o Papa não quis lançar qualquer tipo de provocação com as suas palavras a respeito do laicisimo e secularismo “agressivo”, considerando que há interpretações “injustas”.

“O sentido do que disse (Bento XVI, ndr) não quis ser polémico, mas positivo, porque convidou ao encontro entre fé e laicismo, não ao desencontro”, disse aos jornalistas.

Este responsável acrescentou que Bento XVI não falou sobre esta matéria como resultado de “um estudou ou análise histórica”.

“Em cada país, vemos tensões e todos as conhecemos, não é nenhuma surpresa”, disse ainda.

A bordo do avião que o trouxe de Roma a Compostela, no dia 6 de Novembro, Bento XVI disse que em Espanha tinham nascido “uma laicidade, um anticlericalismo, um secularismo forte e agressivo, como vimos precisamente nos anos trinta” do século passado, altura em que se viveu uma Guerra Civil no país vizinho.

“Esta disputa, mais, este confronto entre fé e modernidade, muito vivo, voltou a reproduzir-se de novo na Espanha actual”, alertou o Papa, antes de apelar ao “encontro entre fé e laicidade”.

O director da sala de imprensa da Santa Sé assegurou, por outro lado, que nos encontros com as autoridades políticas não foi discutida a nova lei da liberdade religiosa, em Espanha. “Foram encontros muito breves e de amizade”, precisou.

Aos jornalistas, o padre Lombardi disse ainda que a multidão que se reuniu em Barcelona no dia 7 de Setembro, para a dedicação da basílica da Sagrada Família, teria cerca de 250 mil pessoas, indo ao encontro dos dados avançados pelas autoridades municipais, que colocam mais de dois terços desse número ao longo das estradas percorridas pelo papamóvel (180 mil).

A celebração da dedicação da basílica foi um “momento único” para Bento XVI, apontou o sacerdote jesuíta, sublinhando que o actual Papa é um “estudioso da liturgia”.

Particularmente satisfeito estava o vice-presidente da Generalitat de Catalunha, Josep Lluís Carod-Rovira, para quem “um Papa alemão fez mais pelo catalão e a sua projecção internacional do que qualquer presidente espanhol”.

Ao contrário do que aconteceu com o executivo de Zapatero, as autoridades catalãs fizeram sempre questão de acolher Bento XVI e participar nos momentos em que ele estava presente, em Barcelona.

Em Santiago, o conselheiro da Xunta da Galiza, Alfonso Ruedas, falou numa visita “absolutamente positiva”, na qual “dezenas de milhares de pessoas” acompanharam o Papa e “milhões de pessoas” viram, pela televisão, “a capacidade organizativa de todos os galegos”.

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