Arcebispo de El Salvador, assassinado em 1980, vai ser canonizado por Francisco
Cidade do Vaticano, 12 out 2018 (Ecclesia) – O Papa Francisco vai canonizar no Vaticano, a 14 de outubro, D. Óscar Romero, o arcebispo de El Salvador considerado como mártir pela Igreja Católica.
O futuro santo foi beatificado como “mártir” da fé católica a 23 de maio de 2015.
Nos três anos em que serviu as comunidades católicas da capital de El Salvador (São Salvador), o arcebispo Romero denunciou a repressão do regime militar e da violência praticada pelos esquadrões da morte.
O Papa Francisco enviou uma carta, aquando da beatificação de D. Óscar Romero, prestando homenagem a uma figura “que construiu a paz com a força do amor, deu testemunho da fé com a sua vida entregue até o fim”.
“Em tempos difíceis de convivência, D. Óscar Romero soube guiar, defender e proteger o seu rebanho, permanecendo fiel ao Evangelho e em comunhão com toda a Igreja. O seu ministério destacou-se pela atenção especial aos pobres e marginalizados”, escreveu.
Em 2007, durante a viagem para o Brasil, o Papa emérito Bento XVI disse aos jornalistas que D. Oscar Romero “foi certamente uma grandiosa testemunha da fé, um homem de grandes virtudes cristãs, que se comprometeu pela paz e contra a ditadura, e que foi assassinado durante a celebração da Missa”.
A comissão de teólogos da Congregação para as Causas dos Santos (Santa Sé) reconheceu em 2015 o martírio do arcebispo, morto “por ódio à fé”.
Com canonização, um cristão é declarado santo e se alarga a sua veneração a todas as nações e congregações religiosas.
A causa de beatificação de Oscar Arnulfo Romero, cujos restos mortais jazem na catedral da capital salvadorenha, iniciou a sua fase diocesana em 1994, que foi concluída em 1996.
O processo foi então apresentado ao Vaticano, no mesmo ano, e em 1997 foi recebido por Roma o decreto por meio do qual a causa era oficialmente aceite como válida.
OC
Percurso biográfico Óscar Arnulfo Romero nasceu em agosto de 1917 numa família modesta em Ciudad Barrios (El Salvador); aos 14 anos, entra no seminário, mas seis anos depois afasta-se para ajudar a família que estava com dificuldades e passa a trabalhar nas minas de ouro, com os irmãos. Após retomar os estudos, é enviado para Roma, onde estuda Teologia, na Universidade Gregoriana; ordenado sacerdote em 1942, regressa a El Salvador e assume uma paróquia do interior, antes de ser transferido para a Catedral de San Miguel, onde fica durante 20 anos. Em 1970 é nomeado bispo auxiliar de San Salvador e, em 1974, Paulo VI designa-o bispo da Diocese de Santiago de Maria, no meio de um contexto político de forte repressão, sobretudo contra as organizações camponesas. Em 1977, D. Óscar Romero é nomeado arcebispo de San Salvador; pouco tempo depois, é assassinado o jesuíta padre Rutílio Grande, figura próxima do futuro santo, que passa então a denunciar a repressão, a violência do Estado e a exploração imposta ao povo pela aliança entre os setores político-militares e económicos, apoiada pelos EUA, bem como a violência da guerrilha revolucionária. Foi assassinado a 24 de março de 1980, enquanto celebrava Missa. Fonte: Vatican News |