Intervenção na Assembleia-Geral da ONU apela ao respeito por direitos humanos fundamentais O Vaticano manifestou-se na ONU contra as políticas migratórias restritivas que não respeitam os direitos humanos fundamentais. Falando na 62ª sessão da Assembleia-Geral das Nações Unidas, o Arcebispo Dominique Mamberti disse que “a é e a dignidade humanas exigem que os problemas migratórios sejam vistos no contexto dos direitos humanos, familiares e infantis”. O Secretário do Vaticano para as relações com os Estados reconheceu o direito dos governos de combaterem a imigração ilegal, mas disse que “ninguém pode justificar medidas que colocam vidas em risco e que ofendem gravemente a dignidade humana e os direitos”. Este responsável manifestou-se ainda contra as legislações que facilitam o aborto, assegurando que “a parte mais importante do nosso trabalho é garantir que o direito à vida seja respeitado”. “Este direito natural deve ser protegido da concepção até à morte natural. Devemos trabalhar para deter e reverter a cultura da morte aceite por algumas estruturas sociais e legais que procuram justificar a supressão da vida como um serviço social ou médico”, indicou. O Arcebispo marroquino deixou um pedido para que os líderes religiosos se comprometam em mostrar que “a religião não é e nem deve ser um pretexto para o conflito”. “Promover a violência ou lançar uma guerra em nome da religião constitui uma flagrante contradição”, indicou, num discurso hoje publicado pela sala de imprensa da Santa Sé. O homem forte da diplomacia do Vaticano felicitou o projecto de “renovar todo o sistema da ONU”, renovando os grandes objectivos que inspiraram o nascimento das Nações Unidas. “É necessário salvar as futuras gerações do flagelo da guerra”, disse, assegurando “o respeito pelo direito internacional”. D. Mamberti saudou a intenção do presidente da Assembleia-Geral, Srgjan Kerim, de ter “em alta consideração o diálogo pela compreensão inter-religiosa e intercultural e a cooperação pela paz”, opção que considerou “indispensável para a paz e a renovação da vida internacional”. O Secretário do Vaticano para as relações com os Estados lamentou, por outro lado, que “o direito à liberdade religiosa seja violado e não seja observado”. “Se os líderes religiosos e os fiéis esperam que os Estados e as sociedades respeitem e reconheçam verdadeiramente as suas religiões como instrumentos de paz, eles mesmos devem respeitar a liberdade religiosa”, acrescentou. O Arcebispo Mamberti não deixou de se referir ao 50.º aniversário da Agência Internacional para a Energia Atómica, solicitando um compromisso comum para a redução e desmantelamento das armas nucleares e o “uso pacífico, seguro e não discriminatório da tecnologia nuclear”. Outra referência do discurso foram as situações mais escaldantes do planeta, como o Darfur, o Médio Oriente, o Iraque, o Líbano ou Myanmar, pedindo soluções “definitivas” para os conflitos que se arrastam.