Papa reforça preocupação, após viagem a África, acompanhado por primaz anglicano e líder da Igreja da Escócia
Cidade do Vaticano, 05 fev 2023 (Ecclesia) – O Papa reforçou hoje a sua oposição à criminalização da homossexualidade, falando no regresso de uma viagem de seis dias a África.
“A criminalização da homossexualidade é um problema que não podemos deixar passar”, referiu aos jornalistas que o acompanharam no voo entre Juba e Roma.
Francisco foi questionado sobre o que diria às famílias do Congo e do Sudão do Sul, países que visitou desde a última sexta-feira, que rejeitam os seus filhos homossexuais.
Retomando a reflexão que apresentou numa recente entrevista à Associated Press (AP), o Papa sublinhou que há, pelo menos, 50 países que criminalizam a homossexualidade, de alguma forma, e em dez a lei chega a prever a pena de morte.
“Isso não está certo, as pessoas com tendências homossexuais são filhos de Deus, Deus ama-os, Deus acompanha-os. É verdade que alguns estão neste estado devido a várias situações indesejáveis, mas condenar tal pessoa é um pecado, criminalizar pessoas com tendências homossexuais é uma injustiça”, declarou.
Francisco distinguiu o respeito pelas pessoas dos “lóbis” de pressão, recordando que o Catecismo da Igreja Católica diz que os homossexuais “não devem ser marginalizados”.
“Penso que a questão sobre este ponto é clara”, insistiu.
O Papa recordou as suas declarações de 2013, no voo de regresso desde o Rio de Janeiro, quando disse: “Se uma pessoa com tendências homossexuais é crente, procura Deus, quem sou eu para a julgar?”.
Já em 2018, após uma viagem à Irlanda, Francisco criticou as famílias que rejeitam os seus filhos, por serem homossexuais, abordando um caso concreto divulgada por ocasião da visita apostólica.
“Disse claramente aos pais: as crianças com esta orientação têm o direito de ficar em casa, não se pode expulsá-las de casa”, indicou.
O Papa foi acompanhado no Sudão do Sul pelo arcebispo Justin Welby, primaz da Comunhão Anglicana, e pelo pastor Iain Greenshields, moderador da assembleia-geral da Igreja da Escócia (Presbiteriana), que viajaram até Roma com Francisco.
Welby disse aos jornalistas que a Comunhão Anglicana “aprovou duas resoluções contra a criminalização, mas isso não mudou realmente a mentalidade de muitas pessoas”.
Greenshields, por sua vez, destacou que, na sua leitura dos Evangelhos, apenas vê “Jesus a expressar amor por todos os seres humanos”.
“Isto é o que, como cristãos, podemos dar a cada ser humano, em todas as circunstâncias”, acrescentou.
OC