Vaticano: Cortejo fúnebre pelas ruas de Roma e delegação de pessoas excluídas deixam marca inédita ao funeral de Francisco (atualizada)

Papa é sepultado fora da Basílica de São Pedro pela primeira vez em mais de 120 anos

Octávio Carmo, enviado da Agência ECCLESIA ao Vaticano

Cidade do Vaticano, 25 abr 2025 (Ecclesia) – O Papa Francisco vai ser sepultado hoje na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma, após a Missa exequial em São Pedro, depois de um percurso pelas ruas da capital italiana, acompanhado por milhares de pessoas, junto à estrada.

A urna do falecido pontífice foi transportada em carro aberto, um dos papamóveis, ao som das palmas da multidão que se juntou ao longo do percurso.

A última vez que um líder da Igreja foi enterrado fora do Vaticano foi em 1903, quando o Papa Leão XIII foi sepultado na Basílica de São João de Latrão, sede da Diocese de Roma.

O cortejo fúnebre partiu da porta mais próxima da Casa de Santa Marta, onde Francisco morreu na última segunda-feira,  e passou por locais icónicos como a Praça Veneza, os Fóruns Imperiais e o Coliseu, durante cerca de seis quilómetros.

A acompanhar o Papa estavam apenas alguns veículos e batedores da polícia.

Francisco deixou indicações sobre a sepultura num testamento espiritual, publicado pelo Vaticano, precisando que o sepulcro na Basílica de Santa Maria Maior (Roma) “deve ser de terra, simples, sem decoração especial e com a única inscrição: ‘Franciscus’”.

“Confiei sempre a minha vida e o meu ministério sacerdotal e episcopal à Mãe de Nosso Senhor, Maria Santíssima. Por isso, peço que os meus restos mortais repousem à espera do dia da ressurreição na Basílica Papal de Santa Maria Maior”, explica, num texto datado de 29 de junho de 2022.

O Papa refere que deixou pagas as despesas para a preparação da sua sepultura: “Serão cobertas pelo montante do benfeitor que encontrei, a ser transferido para a Basílica Papal de Santa Maria Maior e para a qual dei instruções apropriadas a monsenhor Rolandas Makrickas”, então comissário extraordinário da basílica papal, uma das quatro de Roma.

Foto: Vatican Media

O rito de encerramento do caixão decorreu na última noite, sendo visível que Francisco vai ser sepultado com os sapatos negros que se tornaram uma imagem de marca do pontificado.

O cardeal Roland Mackrikas, que esteve pessoalmente envolvido em todas as operações relativas à realização do túmulo, falou esta sexta-feira aos jornalistas, referindo que “inicialmente, o Papa Francisco recusou a proposta” do enterro em Santa Maria Maior, mas “reconsiderou” a ideia, uma semana depois.

“Nossa Senhora disse-me: prepara o túmulo. Estou muito feliz”, referiu ao agora coadjutor da Basílica, segundo relato deste.

Ao longo do seu pontificado, Francisco esteve 126 vezes em Santa Maria Maior – a última das quais a 12 de abril – para venerar o ícone da ‘Salus Populi Romani’, que hoje o acompanha na Praça de São Pedro.

Segundo o cardeal Makrickas, arcipreste coadjutor, a ideia surgiu numa conversa a 13 de maio de 2022, sobre a necessidade de uma intervenção na estrutura da Capela Paulina, tendo o responsável da Basílica sugerido ao Papa a possibilidade de “estabelecer também o seu túmulo” neste templo.

Após considerar a proposta, Francisco rejeitou a colocação do túmulo na capela da ‘Salus Populi Romani’, para evitar distrações aos peregrinos que acorrem ao local para rezar à Virgem Maria.

O espaço escolhido encontra-se próximo, no nicho da nave lateral entre a Capela Paulina e a Capela Sforza, uma das primeiras construídas, e junto ao altar de São Francisco.

O túmulo é feito de pedra da Ligúria, região italiano que é terra natal dos avós do Papa.

Em Santa Maria Maior estão sepultados outros sete pontífices, entre os quais o primeiro Papa franciscano, Nicolau IV; o primeiro Papa dominicano, Pio V; e agora o primeiro Papa jesuíta.

O último Papa a ser sepultado nesta basílica tinha sido Clemente IX, em 1669.

Francisco vai ser recebido na escadaria de Santa Maria Maior, simbolicamente, por uma representação de reclusos, pessoas pobres e excluídas da sociedade – incluindo migrantes, transsexuais e sem-abrigo -, convocados pelo setor para a Caridade da Conferência Episcopal Italiana, todos com uma rosa branca na mão.

Nos últimos dias, rosários do Papa Francisco foram distribuídos aos pobres da cidade de Roma pelo cardeal Konrad Krajewski, esmoler pontifício.

Também a comunidade de Santo Egídio quis sublinhar a presença dos mais pobres, no funeral, com uma delegação, em São Pedro e Santa Maria Maior, que inclui alguns dos refugiados que vieram no voo papal desde a ilha de Lesbos e outros que chegaram a Itália graças a corredores humanitários.

OC

Notícia atualizada às 11h39

Francisco: Cónego português da Basílica de Santa Maria Maior acompanha sepultura do Papa

 

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