«Todos devem fazer política; o que eu não faço, nem a Igreja deve fazer, é política partidária» – Francisco
Cidade do Vaticano, 27 fev 2023 (Ecclesia) – O Papa Francisco conversou sobre as questões mais importantes e urgentes da Igreja, ao longo dos 10 anos de pontificado, com os jornalistas Francesca Ambrogetti e Sergio Rubin, conversas a ser publicadas no livro ‘El Pastor’, na Argentina.
“Sim, faço política porque todos devem fazer política. E o que é política? Um estilo de vida para a polis, para a cidade. O que eu não faço, nem a Igreja deve fazer, é política partidária. Mas o Evangelho tem uma dimensão política, que é a de transformar a mentalidade social, também religiosa, das pessoas”, disse Francisco, divulga o portal ‘Vatican News’.
O Papa explicou, sobre as relações Estado-Igreja, que defende “a laicidade do Estado, não o laicismo que, por exemplo, não permite imagens religiosas em espaços públicos”, e salientou que é necessário, como apontou João Paulo II, seguir uma “economia social de mercado”, lamentando que, “hoje, as finanças prevalecem e a riqueza é cada vez menos participativa”.
“O que todos podemos concordar é que a concentração de riqueza e a desigualdade aumentaram. E que há muitas pessoas a morrer de fome”, acrescentou.
Sobre os acordos entre a Santa Sé e a República Popular da China, Francisco explicou que conhece os problemas e os sofrimentos, e gostaria de se deslocar ao país asiático “amanhã, se for possível!”.
“A Igreja é uma mãe, e não conheço nenhuma mãe ‘por correspondência’. A mãe dá carinho, toca, beija, ama. Quando a Igreja não está perto dos seus filhos porque está ocupada com mil coisas ou se comunica com eles por meio de documentos, é como se uma mãe se comunicasse com seus filhos por carta”, disse Francisco, sobre a Igreja do futuro, destacando que proximidade é a chave.
Ainda sobre as perspetivas para o futuro, o Papa refere-se ao “revitalizar o anúncio da Evangelho, reduzir o centralismo vaticano, banir a pedofilia, combater a corrupção económica”, explicando que um programa de governo passa por “cumprir o que os cardeais declararam nas congregações gerais nas vésperas do Conclave”.
Os jornalistas Francesca Ambrogetti, ex-responsável da Agência Ansa na Argentina, e Sergio Rubin, do jornal ‘El Clarin’, no livro ‘El Pastor’ apresentam uma análise do magistério do Papa através das entrevistas periódicas que foram realizadas ao longo de 10 anos.
O cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio, arcebispo de Buenos Aires, então com 76 anos, entrou para o Conclave de 2013, a 12 de março, e foi eleito no dia seguinte.
Segundo Francisco, o seu pontificado “será avaliado em grande parte” pela forma como enfrentou o flagelo dos abusos sexuais de menores, depois o matrimónio e a família, a “casa comum” ameaçada, o “género feminino”, e o “carreirismo” na Igreja, a viagem à China e aspetos pessoais, como a viagem à Argentina, que indica ser “injusto” dizerem que não quer ir.
‘El Pastor’ tem 19 capítulos, 346 páginas, e no prólogo, o Papa reconhece que a “perseverança” é “uma virtude” dos jornalistas Francesca Ambrogetti, ex-responsável da Agência Ansa no país sul-americano, e Sergio Rubin, do jornal El Clarin, que já publicaram o ‘El jesuita’ (2010), onde deram destaque ao pensamento do cardeal arcebispo de Buenos Aires, informa o portal ‘Vatican News’.
CB