Vaticano considera ilegítimas ordenações de lefebvrianos

Santa Sé anuncia mudanças nos organismos de diálogo com a Fraternidade São Pio X

A Santa Sé classificou esta Quarta-feira como "ilegítimas" as ordenações sacerdotais programadas para finais de Junho no seio da Fraternidade São Pio X, fundada por Mons. Marcel Lefèbvre.

Em comunicado, a sala de imprensa vaticana responde às "frequentes perguntas que chegaram por estes dias" a respeito das ordenações. No dia 27 de Junho, o Bispo lefebvriano Alfonso de Galaretta tem programado ordenar três sacerdotes e três diáconos na Baviera (Alemanha).

A nota retoma a carta que Bento XVI enviou aos Bispos de todo o mundo, a 10 de Março, para explicar para explicar a remissão das excomunhões de 4 Bispos da Fraternidade São Pio X, em Janeiro deste ano, que tinham sido ordenados pelo falecido Arcebispo Lefèbvre sem mandato pontifício, no ano de 1988.

Na altura, o Papa escreveu que "enquanto a Fraternidade não tiver uma posição canónica na Igreja, também os seus ministros não exercem ministérios legítimos na Igreja (…) enquanto as questões relativas à doutrina não forem esclarecidas, a Fraternidade não possui qualquer estado canónico na Igreja, e os seus ministros (…) não exercem de modo legítimo qualquer ministério na Igreja".

Desse modo, explica a Santa Sé, "as ordenações devem ser consideradas ilegítimas".

A referida carta de Bento XVI anunciava ainda a sua intenção de dar um novo estatuto à Comissão «Ecclesia Dei» – instituição competente desde 1988 para as comunidades e pessoas que, saídas da Fraternidade São Pio X ou de idênticas agregações, queiram voltar à plena comunhão com o Papa – em ligação à Congregação para a Doutrina da Fé. O comunicado da Santa Sé adianta que "a definição desse novo estatuto está próxima".

"Isto constitui a premissa para o início do diálogo com os responsáveis da Fraternidade São Pio X, em vista do desejado esclarecimento das questões doutrinais e, consequentemente, também disciplinares que permanecem em aberto", pode ler-se.

Os problemas que estão em cima da mesa dizem respeito, sobretudo, à aceitação do Concílio Vaticano II e do magistério pós-conciliar dos Papas, como explicava o próprio Bento XVI.

O superior geral da Fraternidade, D. Bernard Fellay, já tinha revelado à agência católica Zenit que esta mudança estaria iminente, confirmando que no dia 5 de Junho teve um encontro com o prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Cardeal William Levada.

A Fraternidade tem previsto continuar com as ordenações, apesar da preocupação do Bispo Fellay de que eventuais excomunhões possam "colocar tudo em perigo" e fazer fracassar o diálogo.

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