Editorial é assinado por D. Carlos Azevedo, delegado do organismo da Santa Sé
Cidade do Vaticano, 30 jul 2012 (Ecclesia) – O envelhecimento é o tema central do número mais recente da revista ‘Cultura e Fé’, editada pelo Conselho Pontifício da Cultura, que se propõe apresentar diversos olhares sobre a pessoa idosa.
O crescimento positivo da esperança de vida e a diminuição da natalidade “provocam desequilíbrios intergeracionais”, sublinha o bispo português D. Carlos Azevedo, que assina o editorial, segundo refere hoje o site do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura.
O delegado do Conselho Pontifício presidido pelo cardeal italiano Gianfranco Ravasi salienta que a participação ativa dos idosos na vida social e familiar “assume na cultura um peso sobre o qual é preciso refletir”.
O responsável considera que há duas perspetivas que merecem ser analisadas: “a cultura do idoso no que respeita ao seu próprio envelhecimento” e a “mentalidade social predominante” sobre a pessoa idosa.
A redação pediu contributos a especialistas de diversas disciplinas sobre “a arte de envelhecer”, baseados na colaboração que os anciãos podem prestar na construção da comunidade, bem como sobre as dimensões psicológicas e espirituais da vida tendo em conta a aproximação da quarta idade.
A sociologia mostra como os idosos são vistos nas diferentes sociedades: “A tradição africana resiste ainda à mentalidade pragmática e produtivista da Europa”, onde os “cálculos economicistas colocam à margem a sabedoria da experiência”, acentua D. Carlos Azevedo.
“O modelo da eterna juventude ganha terreno no dia a dia e ignora o desenvolvimento interior, não obstante a novidade da experiência que o envelhecimento pode trazer, ainda que seja assinalado pela perda de capacidades e da perceção dos limites”, acrescenta.
A teologia olha para o envelhecimento como o “cumprimento da vida, distinguindo entre o declínio físico e o crescimento do espírito”, ao mesmo tempo que realça “a importância da vida espiritual vivida enquanto acolhimento da terceira idade como uma bênção”.
“A espiritualidade cristã sustenta a aceitação dos limites, a reconciliação com a vida relida e a preparação para o encontro com Deus”, aponta o responsável de 58 anos, observando que uma cultura sã é chamada a ver no envelhecimento “a beleza da tranquilidade, da ternura e do silêncio, e não apenas a aspereza da doença e da solidão”.
A presença portuguesa nesta edição inclui o artigo ‘O envelhecimento: uma leitura psicológica’, de António Fonseca, diretor da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade Católica Portuguesa-Porto.
O volume oferece também um breve registo sobre o mais velho realizador do mundo em atividade, o português Manoel de Oliveira, de 103 anos, que em 2007 recebeu o Prémio Árvore da Vida-Padre Manuel Antunes, atribuído pelo Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura.
“A pessoa idosa: cultura e espiritualidade” (Massimo Petrini) e “A figura do idoso na cultura africana” (Fortunatus Nwachukwu) completam os artigos sobre o envelhecimento.
A presença em Palermo e no México do Átrio dos Gentios, estrutura para o diálogo entre crentes e não crentes, o novo departamento ‘Cultura e Desporto’ do Conselho Pontifício da Cultura, o Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e da Solidariedade entre Gerações, que se assinala em 2012, e o sétimo centenário da morte de Dante Alighieri, que ocorre em 2021, são alguns dos temas da revista.
SNPC/RJM