Vaticano: Conferência internacional debateu crise económica

Desemprego, problemas na Grécia e visão cristã sobre as finanças marcaram trabalhos

Cidade do Vaticano, 27 mai 2015 (Ecclesia) – A Fundação ‘Centesimus Annus’, criada por São João Paulo II, encerrou hoje no Vaticano uma conferência de internacional de três dias sobre a crise económica que analisou o impacto do desemprego e dos atuais problemas na Grécia.

Segundo o secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, o modelo económico “prevalente” tem revelado “numerosas insuficiências, disfunções e desvios” com “pesadas” consequências sobre o atual cenário mundial.

O responsável assinalou na sua conferência, divulgada hoje pela Santa Sé, que a atividade financeira no mundo globalizado se arrisca a “perder de vista os seus objetivos originais”, esquecendo “a dignidade da pessoa humana e o bem comum”.

“A chave é a formação moral das pessoas, necessária a todos os níveis, que pode levá-las à redescoberta do significado do trabalho coletivo e individual ao serviço do desenvolvimento humano integral”, prosseguiu.

Já o observador permanente junto das instituições das Nações Unidas em Genebra, D. Silvano Maria Tomasi, analisou a instabilidade na zona Euro por causa da situação na Grécia.

“Quando há um país com problemas, não é isolando-o que o protegemos: protegemo-lo participante nos problemas do país que está em crise e ajudando-o a resolvê-los”, disse à Rádio Vaticano.

A conferência internacional alertou ainda para o impacto da elevada taxa de desemprego numa Europa onde falta trabalho e a “economia parece estar cada vez menos a serviço da pessoa”.

A Fundação ‘Centesimus Annus’ entregou ainda o prémio “Economia e Sociedade”, um concurso internacional bienal, a Pierre de Lauzun, pelo seu trabalho ‘Finance: un regard chrétien. De la banque mediévale a la mondialisation financière’ (Finanças: uma perspetiva cristã. Da banca medieval à globalização financeira).

O autor francês reflete sobre a “moralidade das pessoas” que trabalham nos mercados financeiros e observa que “não há nenhuma transação financeira” que possa ser separada da realidade social e das exigências morais.

Alexandre Stumvoll, de 32 anos, foi distinguido na secção especial dedicada a jovens investigadores de Doutrina Social da Igreja (DSI), pela tese ''Uma tradição viva. A Santa Sé, Doutrina Social da Igreja e Global Politics 1965-2000'', defendida em 2012 no Instituto Universitário Europeu de Florença, Itália.

Este estudo analisa a DSI através de quatro relações internacionais concretas, a Guerra do Vietname comparando-a com o compromisso da Santa Sé para a paz; a crise polaca de 1989 e a política da Santa Sé em relação ao comunismo.

CB/OC

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Agência ECCLESIA

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