O jornal do Vaticano, L’Osservatore Romano, negou qualquer “cumplicidade” de Bento XVI com teses negacionistas em relação ao Holocausto, reafirmando a condenação da Igreja Católica em relação a qualquer forma de anti-semitismo. O vice-director do quotidiano, Carlo Di Cicco, assina um editorial no qual lamenta a criação de uma “caso mediático” em volta do levantamento da excomunhão ao Bispo Richard Williamson, da Fraternidade de São Pio X, que em Novembro apresentara, na televisão sueca, teses negacionistas, a título pessoal. Logo após a divulgação destas teses, na imprensa internacional, a Rádio Vaticano declarara que se tratava de “posições pessoais, que não podem ser partilhadas e que não afectam o Magistério pontifício nem as posições da Igreja solenemente enunciadas em várias ocasiões”. Segundo o Osservatore Romano, a atribuição ao Papa de declarações que não lhe correspondem foi desmentida por ele próprio no passado Domingo, quando se referiu aos 50 anos de convocação do Concílio Vaticano II. “Da aceitação do Concílio deriva, necessariamente, a posição clara sobre o negacionismo. A declaração «Nostra aetate» deplora «os ódios, perseguições e manifestações de anti-semitismo de qualquer tempo e pessoa contra os judeus»”, esclarece-se. Para Di Cicco, o levantamento das excomunhões dos Bispos ordenados por Mons. Lefebvre “não conclui um caso doloroso como o cisma lefebvriano” e “não significa ainda a plena comunhão”. “O Papa elimina pretextos para polémicas sem fim, enfrentando o autêntico problema: a aceitação plena do magistério, inclusive, obviamente, o Concílio Vaticano II”, indica. O Jornal do Vaticano considera ainda que não é justo dizer que o Papa “não está convencido do caminho ecuménico e do diálogo com os judeus”.