Grupo de eleitores inclui quatro portugueses, entre 135 eleitores, número inédito na história da Igreja

Octávio Carmo, enviado da Agência ECCLESIA ao Vaticano
Cidade do Vaticano, 28 abr 2025 (Ecclesia) – O Conclave para a eleição do novo Papa vai ter início a 7 de maio, anunciou hoje o Vaticano.
A decisão foi tomada esta manhã, durante a quinta reunião (congregação) geral preparatória da eleição, que reúne os cardeais presentes em Roma – incluindo os que têm mais de 80 anos, sem direito a voto na eleição pontifícia.
No Conclave vão estar quatro portugueses, a maior representação de sempre do país: D. Manuel Clemente, patriarca emérito de Lisboa; D. António Marto, bispo emérito de Leiria-Fátima; D. José Tolentino Mendonça, prefeito do Dicastério para a Cultura e Educação; e D. Américo Aguiar, bispo de Setúbal, todos criados pelo Papa Francisco.
Estas presenças elevam para 14 o número de cardeais portugueses a participar em eleições pontifícias desde 1903.
Segundo as atuais normas da Igreja Católica, entram em Conclave para eleger o Papa apenas os cardeais que não tenham já cumprido 80 anos de idade no primeiro dia da Sé vacante (21 de abril).
O Colégio Cardinalício tem hoje 252 membros (135 eleitores, 117 cardeais com mais de 80 anos).
108 dos cardeais eleitores (80%) foram escolhidos pelo Papa Francisco, participandoo assim pela primeira vez num Conclave; 22 foram criados por Bento XVI e 5 por São João Paulo II.
Ao longo do seu pontificado, Francisco convocou dez Consistórios, nos quais criou 163 cardeais.
Se um cardeal tiver recusado entrar no Conclave, não poderá ser posteriormente admitido no decorrer nos trabalhos, mas o mesmo não acontece se um cardeal adoecer durante o processo da eleição do novo Papa.
Desde 2013, quando os cardeais eleitores da Europa representavam 56% do total, Francisco tem vindo a alargar as fronteiras das suas escolhas, com uma mudança mais visível no peso específico da África, Ásia e Oceânia – então com 22 cardeais eleitores na soma dos três continentes.
Neste Conclave Europa representa 39% do total, com 53 eleitores (alguns dos quais com responsabilidades eclesiais noutros continentes), a América com 37, a Ásia com 24, África com 18 e a Oceânia com 4.
Os 10 países com mais eleitores são a Itália (17 cardeais), EUA (10), Brasil (7), França e Espanha (5 cada), Argentina, Canadá, Índia, Polónia e Portugal (4 cada), num total de 64 cardeais (47% do total).










Ainda que, em teoria, qualquer homem batizado, solteiro e em comunhão com a Igreja Católica possa ser eleito Papa, há quase 650 anos que o escolhido é um cardeal: o último pontífice vindo de fora do Colégio Cardinalício foi Urbano VI, arcebispo de Bari (Itália) em 1378.
Em séculos anteriores, os cardeais ficavam alojados na própria Capela Sistina, mas João Paulo II quis melhorar as condições e mandou construir a Casa de Santa Marta, no complexo do Vaticano: os cardeais continuam a estar submetidos à interdição de qualquer contacto com o exterior, mas não ficam encerrados num único local.
Os conclaves dos séculos XX e XXI tiveram uma duração sempre inferior a cinco dias e 14 votações.
OC
Está previsto que todos os cardeais se encontrem na Basílica de São Pedro para celebrar a Missa votiva ‘pro eligendo Romano Pontifice’ (para a eleição do Papa), na manhã de 7 de maio, sob a presidência do decano do Colégio Cardinalício, D. Giovanni Battista Re, com 91 anos de idade.
De tarde, os cardeais eleitores reúnem-se na Capela Paulina do Palácio Apostólico, de onde se dirigem para a Capela Sistina, em procissão solene, entoando o canto ‘Veni Creator’, para pedir a assistência do Espírito Santo. Participam na procissão o vice-camerlengo (o arcebispo brasileiro D. Ilson de Jesus Montanari), o auditor geral da Câmara Apostólica e dois membros de cada um dos Colégios dos protonotários apostólicos, dos prelados auditores da Rota Romana e dos prelados clérigos de Câmara. Os cardeais eleitores prestam, em primeiro lugar, o juramento de segredo sobre tudo o que diz respeito à eleição do Papa e comprometem-se a desempenhar fielmente o ‘munus Petrinum’ casos sejam escolhidos como o novo pontífice. Terminado o juramento, todas as pessoas estranhas à eleição saem após a ordem ‘Extra Omnes’ (todos fora): permanecem apenas o mestre das celebrações litúrgicas, D. Diego Ravelli, e o eclesiástico escolhido para a segunda meditação, cardeal Raniero Cantalamessa, antigo pregador da Casa Pontifícia. Estes momentos de reflexão estão previstos na Constituição Apostólica ‘Universi Dominici Gregis’ (UDG, n. 13) e são outra das novidades da Sé Vacante, introduzidas por João Paulo II: a última meditação diz respeito à escolha “iluminada” do Papa. Após a meditação saem da Capela o mestre das celebrações litúrgicas e o orador; os cardeais eleitores encontram-se a sós, na Capela Sistina, com os seus pares e todos os meios de comunicação com o exterior são proibidos. O primeiro dos cardeais por ordem e por antiguidade pronuncia um juramento em que se compromete a “observar com a máxima fidelidade para com todos, seja clérigo ou leigo, o segredo sobre tudo aquilo que de qualquer modo diz respeito à eleição do Romano Pontífice e sobre aquilo que estiver no lugar da eleição”. Nesta altura, D. Pietro Parolin preside à eleição como primeiro cardeal na ordem de precedência – dado que o decano, D Giovanni Battista Re, que dirigiu a eleição de 2013, e o vice-decano, D. Leonardo Sandri, têm mais de 80 anos de idade – verificando se não há obstáculos e procede-se à primeira votação; preside também aos momentos previstos pela liturgia própria. |