Vaticano: «Com a vida não se brinca», diz o Papa

Francisco aborda temas da eutanásia, aborto e migrações, na viagem de regresso desde Marselha

Foto: Vatican Media

Cidade do Vaticano, 23 set 2023 (Ecclesia) – O Papa deixou hoje críticas aos projetos de legalização da eutanásia e do aborto, sublinhando a necessidade de defender a vida em toda a sua fase.

“Com a vida não se brinca, nem no início nem no fim, não se brinca! E não é a minha opinião, é custodiar a vida. Porque depois vai acabar naquela política da não dor, de uma eutanásia humanista”, advertiu, na viagem de regresso a Roma, após uma viagem de dois dias à cidade francesa de Marselha.

Questionado pelos jornalistas que o acompanharam no voo, Francisco referiu que o tema não foi abordado hoje no encontro privado com o presidente francês, Emmanuel Macron, referindo que já o tinha feito “claramente”, em audiências anteriores.

“Desta vez não falei com o presidente, mas da outra vez sim, quando veio [ao Vaticano], dei o meu parecer, com a vida não se brinca, seja a lei de não deixar que cresça a criança no ventre da mãe, a lei da eutanásia, nas doenças, na velhice”, declarou.

O Papa lamentou a desvalorização da “vida dos avós” e dos mais velhos, reafirmando que “com a vida não se brinca”.

“Estejamos atentos com as colonizações ideológicas, que arruínam a vida humana, porque vão contra a vida humana”, apontou.

A conferência de imprensa começou por abordar a questão da migração, no centro dos Encontros do Mediterrâneo, que o Papa encerrou hoje em Marselha, com apelos a vias legais e seguras para a entrada na Europa.

Francisco disse que muitos migrantes vivem num “reino do terror”.

“Eles sofrem não apenas porque precisam de sair, mas porque lá é o reino do terror. Eles são escravos. E não podemos, sem ver a realidade, enviá-los de volta como uma bola de pingue-pongue”, apelou.

O Papa considerou que, dez anos da sua primeira viagem, à ilha italiana de Lampedusa, “as coisas melhoraram” e há maior consciências dos problemas.

“Quero dizer mais uma coisa pessoal, eu nem sabia onde ficava Lampedusa, nem isso. Mas ouvi as histórias. Li algo e, na oração, senti que precisava de ir até lá. Como se o Senhor estivesse a enviar-me para lá, na minha primeira viagem”, relatou.

Francisco elogiou o exemplo de Marselha como cidade que “acolhe”, num “mosaico criativo”, sem negar a identidade dos povos.

“Precisamos de mão de obra, a Europa necessita dela. As migrações bem conduzidas são uma riqueza, são uma riqueza. Pensemos nesta política migratória para que seja mais fecunda e nos ajude muito”, desejou.

A deslocação a Marselha foi a 44ª viagem internacional do pontificado, tendo Francisco visitado 61 países, incluindo Portugal; a 25 de novembro de 2014, o Papa esteve na cidade francesa de Estrasburgo, para discursar perante o Parlamento Europeu e o Conselho da Europa.

OC

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Agência ECCLESIA

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