Leão XIV vai presidir a encontro ecuménico, no dia 14 de setembro, para recordar testemunhas da fé de várias confissões

Cidade do Vaticano, 09 set 2025 (Ecclesia) – O Papa vai presidir no próximo domingo, em Roma, a uma celebração ecuménica que evoca 1600 “novos mártires” de várias confissões cristãs, no Jubileu promovido pela Igreja Católica.
“São vidas que testemunham a perseguição religiosa, a violência das organizações criminosas, a exploração dos recursos naturais, os atentados terroristas, os conflitos étnicos e outras causas pelas quais os cristãos ainda são mortos”, adianta o portal de notícias do Vaticano.
Os dados foram apresentados pela ‘Comissão dos Novos Mártires – Testemunhas da fé’, responsável pela celebração jubilar, uma iniciativa lançada por Francisco e que Leão XIV prosseguiu.
A iniciativa decorre a partir das 17h00 (menos uma em Lisboa), na Basílica de São Paulo fora de muros.
Segundo os números adiantados pelo Vaticano, o grupo dos novos mártires, mortos no século XX, incluem 314 testemunhas da fé da Améria, 43 da Europa, 277 no Médio Oriente, 357 na Ásia e Oceânia, 634 na África e 110 mortos durante as missões, em várias partes do mundo.
Andrea Riccardi, fundador da Comunidade de Santo Egídio e vice-presidente da Comissão, composta por 11 membros, explicou esta segunda-feira, em conferência de imprensa, que as histórias de vida destes “novos mártires”, de diferentes Igrejas e confissões cristãs, foram indicadas por dioceses, Conferências Episcopais, Institutos religiosos e outras realidades eclesiais.
“Infelizmente, os cristãos continuam a morrer porque são testemunhas do Evangelho, porque são apaixonados por Deus, pelos irmãos e irmãs, porque são autênticos servos do homem, porque são comunicadores livres da fé”, referiu.
A celebração ecuménica acontece na festa da Exaltação da Santa Cruz, com 24 delegados de várias Igrejas e comunidades cristãs.
“A vitalidade do Batismo une-nos a todos. Nos cristãos que deram a vida, realiza-se o ecumenismo do sangue, como São João Paulo II gostava de definir. É precisamente no martírio que a Igreja já está unida”, afirmou D. Fabio Fabene, secretário do Dicastério para as Causas dos Santos e presidente da Comissão.
A cerimónia inclui leituras bíblicas, uma reflexão de Leão XIV, a proclamação das bem-aventuranças, intenções de oração e a apresentação da história de vida dalgumas testemunhas de fé, como a irmã Leonella Sgorbati, morta na Somália em 2006, ou um grupo de cristãos evangélicos mortos por terroristas em 2019, no Burquina Faso.
O Jubileu, com raízes no ano sabático dos judeus, consiste num “perdão geral, uma indulgência aberta a todos, e na possibilidade de renovar a relação com Deus e o próximo”.
Esta indulgência implica obras penitenciais, incluindo peregrinações e visitas a igrejas.
O Papa Bonifácio VIII instituiu, em 1300, o primeiro Ano Santo – com recorrência centenária, passando depois, segundo o modelo bíblico, cinquentenária e finalmente fixado de 25 em 25 anos.
O atual Ano Santo começou com a abertura da Porta Santa, na Basílica de São Pedro, na vigília do último Natal, pelo Papa Francisco.
OC
O Papa Francisco anunciou em julho de 2023 a criação da “Comissão dos Novos Mártires – Testemunhas da Fé’, no Dicastério para as Causas dos Santos, no contexto da celebração do Ano Santo de 2025.
O organismo tinha como missão “elaborar um catálogo de todos os que derramaram o seu sangue para confessar Cristo e testemunhar o seu Evangelho”. A iniciativa prossegue a dinâmica iniciada no Ano Santo de 2000, no pontificado de São João Paulo II. A 7 de maio de 2000, durante o Grande Jubileu, estas pessoas foram lembradas numa celebração ecuménica, que reuniu no Coliseu de Roma representantes das Igrejas e comunidades eclesiais de todo o mundo. |