Primeiras declarações de D. Manuel Clemente aos jornalistas após o consistório
Octávio Carmo, enviado da Agência ECCLESIA ao Vaticano
Cidade do Vaticano, 14 fev 2015 (Ecclesia) – O cardeal-patriarca de Lisboa afirmou hoje no Vaticano que a sua nova missão o vai levar a responder ao desafio de “proximidade” que é colocado pelo Papa Francisco.
“Proximidade com as pessoas, que não acaba sejam quais forem as circunstâncias, que permanece, que procura, que ajuda, que está lá”, precisou D. Manuel Clemente, horas depois do consistório em que foi criado cardeal.
O responsável falava aos jornalistas, antes da sessão de cumprimentos que decorreu esta tarde no átrio do auditório Paulo VI, na qual participaram centenas de pessoas.
O cardeal-patriarca comentava os alertas deixados pelo Papa esta manha, durante a homilia do consistório, a respeito da necessidade de uma vida centrada na “caridade” e não na busca do poder ou das distinções.
Segundo D. Manuel Clemente, Francisco quis recordar a todos a necessidade de “ter o coração no que é pequeno, nos que são pequenos”.
“A misericórdia tem esse sentido de preferência no que é pequeno”, prosseguiu.
O cardeal português diz que a sua missão continua a ser, no essencial, “estar com as pessoas”, o que não muda com as novas vestes vermelhas.
“Já me têm vestido vestes sucessivas, de padre, de bispo, agora esta, mas isso é muito acessório”, sustentou.
“Aquilo que eu pedi ao meu bispo da altura, o saudoso cardeal Ribeiro, foi para ser padre, o resto eu já não pedi: disseram-me”, acrescentou.
Em resposta às questões que lhe foram colocadas, o também presidente da Conferência Episcopal Portuguesa admitiu que as viagens a Roma serão mais frequentes por causa do trabalho com Francisco, o Papa que “mais conselhos e reuniões suscita”.
Quanto a uma mudança “definitiva” para o Vaticano, o cardeal-patriarca mostrou-se mais concentrado no trabalho a fazer na sua diocese.
“Não, já lá [Lisboa] tenho o que fazer, valha-me Deus”, gracejou.
D. Manuel Clemente foi criado cardeal esta manhã, numa cerimónia que decorreu na Basílica de São Pedro, durante a qual o Papa Francisco leu a fórmula em que proclamou o nome do patriarca, em latim, antes de lhe entregar o anel e o barrete vermelho.
De acordo com os dados revelados pelo Patriarcado de Lisboa (um dos dois patriarcados ocidentais da Igreja Católica), Portugal teve 44 cardeais ao longo da história, a começar pelo chamado Mestre Gil, escolhido pelo Papa Urbano IV (1195- 1264).
OC