Secretário de Estado participou na apresentação de relatório global sobre a liberdade religiosa

Roma, 21 out 2025 (Ecclesia) – O secretário de Estado do Vaticano disse hoje em Roma que está preocupado com recentes episódios de violência no Médio Oriente, denunciando a perseguição de cristãos na Cisjordânia.
“Certamente, o problema é muito complexo, mas não conseguimos entender por que esses cristãos, que vivem as suas vidas normalmente, são alvo de tanta perseguição. Falar em perseguição é um pouco problemático, mas certamente são situações que não podemos aceitar”, referiu o cardeal Pietro Parolin, em declarações aos jornalistas, no final da apresentação do Relatório sobre a Liberdade Religiosa no Mundo 2025, da fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS).
O documento realça que 413 milhões de cristãos vivem em países onde a liberdade religiosa é gravemente restringida e 62 países violam este direito.
“Homens e mulheres em todo o mundo merecem a liberdade de qualquer forma de coação em matéria de fé, quer se trate de pressões sociais subtis ou de mandatos estatais evidentes”, sustentou o cardeal Parolin, durante a intervenção que proferiu no Augustinianum, de Roma.
O secretário de Estado do Vaticano considerou “dever dos governos e das comunidades abster-se de obrigar alguém a violar as suas convicções profundamente enraizadas ou de impedir qualquer pessoa de as viver autenticamente”.
Questionado sobre a onda de ódio e violência que atinge os cristãos nalgumas zonas da Nigéria, o cardeal evocou o testemunho de interlocutores locais, assinalando que esse “não é um conflito religioso, é mais um conflito de tipo social, por exemplo, entre criadores de gado e agricultores”.
“Temos em conta que também na Nigéria há muitos muçulmanos que são vítimas desta intolerância”, advertiu, sublinhando que os grupos extremistas “não fazem distinção para levar adiante o seu propósito, os seus objetivos”.
A fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) denunciou hoje, num novo relatório, que mais de metade da população mundial vive sob “graves violações da liberdade religiosa”.
Um dos casos apresentados é o da Nigéria, onde se “assistiu a um aumento da violência com motivação religiosa” no período em análise, consequência da ação de grupos armados como o Boko Haram, o Estado Islâmico da Província da África Ocidental (ISWAP) e várias milícias.
Pela primeira vez na sua história, a Fundação AIS lançou também uma petição global, ‘A liberdade religiosa é um direito, não um privilégio’, apelando aos governos e às organizações internacionais que “assegurem a proteção efetiva do Artigo 18 da Declaração Universal dos Direitos Humanos”, que garante a todas as pessoas o direito à liberdade de pensamento, consciência e religião.
O Relatório sobre a Liberdade Religiosa no Mundo 2025 analisa 196 países, documentando restrições e perseguições e fornecendo informação verificada sobre as violações deste direito em todo o mundo sobre todos os grupos religiosos.
OC