Desenhos são da autoria de Mupal, artista italiano conhecido pelas suas intervenções nas ruas de Roma
Cidade do Vaticano, 01 fev 2024 (Ecclesia) – O Vaticano apresentou hoje a campanha gráfica que vai apresentar, ao longo da Quaresma, a mensagem do Papa para este tempo, com desenhos da autoria de Mupal, artista italiano conhecido pelas suas intervenções nas ruas de Roma.
“Tentei sintetizar os conceitos profundos expressos pelo Santo Padre através de uma linguagem pictórica com um estilo simples e facilmente legível, na esperança de nunca os rebaixar ou tornar superficiais ou banais”, disse Mauro Pallotta (Maupal), em conferência de imprensa, promovida pelo Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral (Santa Sé).
O artista considera que os seus desenhos podem ser “uma forma preferencial de chegar longe, de quebrar barreiras e, de alguma forma, acompanhar as pessoas na travessia do deserto para alcançar a desejada meta da liberdade”.
A primeira ilustração apresenta o deserto com a imagem do Papa Francisco a empurrar um carrinho de mão, com um “saco” de fé.
“É um deserto de pregos que representa os ídolos antigos e novos, todas as nossas prisões”, precisou o autor.
Durante todo o período da Quaresma, o Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral vai apresentar semanalmente um novo desenho de Mupal, acompanhado por uma passagem da mensagem do Papa.
Mauro Pallotta falou dos projetos que tem desenvolvido, em prisões italianas, com a ajuda da arte.
“Trabalhar com reclusos dá uma riqueza inesperada, muitas vezes encontramos pessoas que viveram o inferno e agora sabem melhor do que ninguém qual é o caminho para o céu. Conheci pessoas que atravessaram o deserto e, paradoxalmente, alcançaram a liberdade, a liberdade interior, a liberdade que Deus dá”, indicou.
Na sua mensagem para a Quaresma 2024, divulgada hoje, o Papa apela a novos modelos de desenvolvimento, denunciando a pobreza que atinge milhões de pessoas e a destruição da natureza.
“Também hoje o grito de tantos irmãos e irmãs oprimidos chega ao céu. Perguntemo-nos: e chega também a nós? Mexe connosco? Comove-nos?”, questiona.
O cardeal Michael Czerny, prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, disse aos jornalistas que as perguntas formuladas pelo Papa devem levar cada um a questionar-se, a partir da “vocação de crentes e de cidadãos”.
“A vida e a fé estão intimamente unidas. Ao abraçar o dom da Quaresma, cada comunidade cristã pode acompanhar os seus membros a enfrentar os desafios do nosso tempo”, apontou.
A conferência de imprensa contou também com a presença do padre Andrea Cavallini, encarregado da formação dos catequistas e dos cursos de catequese, especialmente da iniciação cristã, na Diocese de Roma
O sacerdote sublinhou a “dimensão interior” da liberdade, que deve contrariar o “poder que escraviza”, como alerta o Papa, indicando que a Palavra de Deus apresenta “uma possibilidade de vida melhor”.
A professora Emilia Palladino, da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Pontifícia Gregoriana, de Roma, falou de pessoas “exaustas e insensíveis”, no mundo contemporâneo.
“As desigualdades de hoje são uma abominação: não se trata apenas do fosso económico entre os que têm e os que não têm, mas também da negação da dignidade humana e dos direitos humanos fundamentais a parcelas inteiras da humanidade, mantidas na escravidão”, declarou.
A Quaresma é um tempo litúrgico, de 40 dias (a contagem exclui os domingos), que tem início com a celebração de Cinzas (14 de fevereiro, em 2024), marcado por apelos ao jejum, partilha e penitência; serve de preparação para a Páscoa, a principal festa do calendário cristão (este ano a 31 de março).
OC