Vaticano: Bento XVI rejeita «teorias da conspiração» sobre a sua renúncia

«Não há dois Papas», insiste, oito anos após o fim do seu pontificado

Foto Vatican News

Cidade do Vaticano, 01 mar 2021 (Ecclesia) – O Papa emérito Bento XVI concedeu uma entrevista ao jornal italiano ‘Corriere della Sera’ na qual rejeita o que chama de “teorias da conspiração” sobre a sua renúncia ao pontificado, em fevereiro de 2013.

“Foi uma decisão difícil, mas tomei-a em plena consciência, e creio que fiz bem. Alguns dos meus amigos algo ‘fanáticos’ ainda estão zangados, não quiseram aceitar a minha escolha”, admite.

“Não há dois Papas, o Papa é só um”, acrescenta Bento XVI, oito anos após o final do seu pontificado, sublinhando que a sua decisão foi ponderada.

O Papa emérito lamenta que, após a sua renúncia, tenham surgido “teorias da conspiração”.

“Houve quem tivesse dito que foi por culpa do escândalo do ‘Vatileaks’, por causa de um complô do ‘lobby gay’, por causa do caso com o teólogo conservador lefebriano Richard Williamson. Não querem acreditar numa opção tomada conscientemente. Mas a minha consciência está no seu lugar”, realçou.

O Papa emérito comentou a próxima visita de Francisco ao Iraque, de 5 a 8 de março, falando numa viagem “muito importante”.

“Infelizmente, acontece num momento muito difícil que a torna também numa viagem perigosa: por razões de segurança e pela Covid. Depois há a situação iraquiana, instável. Acompanharei Francisco com a minha oração”, referiu.

O pontificado de Bento XVI encerrou-se na noite de 28 de fevereiro de 2013; o Papa emérito mantém desde então uma vida reservada no antigo Mosteiro ‘Mater Eclesiae’, do Vaticano, de onde saiu para despedir-se, a 18 de junho de 2020, do seu irmão mais velho, que viria a falecer duas semanas depois, a 1 de julho.

O sucessor de São João Paulo II anunciou a sua renúncia ao pontificado a 11 de fevereiro de 2013, uma decisão que surpreendeu os cardeais reunidos para um consistório público ordinário, destinado a definir datas de canonização.

A última renúncia ao pontificado tinha acontecido em 1415, com a resignação do Papa Gregório XII (induzida pelo Concílio de Constância).

O Código de Direito Canónico, prevê a possibilidade jurídica de renúncia por parte do Papa e esta renúncia não precisa de ser aceite por ninguém para ter validade, como indica o Cânone 332; o que se exige é que o Papa renuncie livremente e que manifeste a sua decisão de modo claro e público.

O Papa emérito vai completar 94 anos de idade a 16 de abril; embora persistam incertezas quanto aos dados dos pontificados dos primeiros séculos, Bento XVI seria agora o pontífice mais velho da história, ultrapassando Celestino III (1105-1198) e Leão XIII (1810-1903), que faleceram aos 93 anos.

No último dia 14 de janeiro, Bento XVI foi vacinado contra a Covid-19, partilhando a “preocupação com a pandemia”, disse o seu secretário particular, em declarações ao portal de notícias do Vaticano.

D. Georg Gaenswein, prefeito da Casa Pontifícia, sublinhou o impacto do primeiro Natal que o Papa emérito viveu sem o seu irmão, mons. Georg Ratzinger.

O arcebispo alemão referiu que Bento XVI está fisicamente frágil, mas lúcido.

OC

 

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Agência ECCLESIA

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