Instituição distinguiu-se desde o início pela fidelidade ao Papa, «bem como pela sua irrenunciável fisionomia espiritual»
Cidade do Vaticano, 09 fev 2013 (Ecclesia) – O Papa recebeu hoje no Vaticano uma delegação de cerca de quatro mil membros da Ordem de Malta, por ocasião dos 900 anos do reconhecimento oficial da instituição por parte da Igreja.
A 15 de fevereiro de 1113 o Papa Pascoal II colocava a instituição sob a tutela da Igreja “com a faculdade de eleger livremente os seus superiores, sem interferência da parte de outras autoridades seculares ou religiosas”, recordou Bento XVI, segundo o discurso publicado pela Sala de Imprensa do Vaticano.
A Ordem Soberana de São João de Jerusalém de Rodes e de Malta “distinguiu-se, desde o início, pela sua fidelidade à Igreja e ao Sucessor de Pedro [Papa], bem como pela sua irrenunciável fisionomia espiritual, caracterizada por um alto ideal religioso”, lembrou Bento XVI.
“Quando comparada com outras realidades comprometidas internacionalmente na assistência aos doentes, na solidariedade e na promoção humana, a vossa Ordem distingue-se pela inspiração cristã que deve orientar constantemente o compromisso social dos seus membros”, apontou.
Bento XVI pediu à instituição para “preservar e cultivar” a sua identidade, trabalhando “com renovado ardor apostólico” e “sempre numa atitude de profunda sintonia com o Magistério da Igreja”.
A ação “preciosa e benfazeja” da Ordem, “concentrada de modo particular no serviço ao doente através de estruturas hospitalares e sanitárias, não é simples filantropia mas expressão eficaz e testemunho vivo de amor evangélico”, salientou.
A intervenção do Papa realçou a importância da espiritualidade cristã para o trabalho com as pessoas mais necessitadas: “Para dar amor aos irmãos, é necessário tirá-lo da fornalha da caridade divina por meio da oração, da escuta assídua da Palavra de Deus e de uma vida centrada na Eucaristia”.
O discurso de Bento XVI destacou a ação da Ordem de Malta “na assistência dos doentes em Jerusalém e, depois, no amparo dos peregrinos na Terra Santa, expostos a graves perigos, escrevendo gloriosas páginas de caridade cristã e defesa da cristandade”.
No século XIX, prosseguiu o Papa, a instituição “abriu-se a espaços novos e mais amplos de atividade no campo da assistência e ao serviço dos doentes e dos pobres, mas sem nunca renunciar aos ideais originários, mormente ao duma intensa vida espiritual de cada um dos seus membros”.
“O vosso empenho deve prosseguir na mesma direção, com uma atenção muito particular à consagração religiosa – a dos Professos – que constitui o coração da Ordem. Não deveis esquecer jamais as vossas raízes, quando o Beato Geraldo e os seus companheiros se consagraram com os votos ao serviço dos pobres”, frisou.
RJM