Viagem de 22 mil quilómetros leva atual Papa ao segundo maior país católico do mundo e a um bastião do comunismo na América Latina
Roma, 23 mar 2012 (Ecclesia) – Bento XVI iniciou hoje uma viagem de 22 mil quilómetros que o vai levar pela primeira vez ao México e Cuba, durante seis dias, visitando respetivamente o segundo maior país católico do mundo e um bastião do comunismo.
O Papa enviou a tradicional mensagem de despedida ao presidente da Itália, ao deixar o país, afirmando que a visita pretende “apoiar a missão da Igreja local”, nos países latino-americanos, e levar “uma mensagem de esperança”.
A chegada ao México está prevista para as 16h30 locais (mais seis em Lisboa), após 14 horas de voo, no aeroporto de Guanajuato, onde vai decorrer o contacto com as centenas de milhares de pessoas esperadas junto do Papa, mais de 130 mil voluntários, 3 mil polícias e militares e 2 mil jornalistas (mais de 70 no voo papal) de 500 órgãos de informação.
Segundo números do Vaticano, existem no México mais de 99 milhões de católicos (91,89 por cento da população do país), o que corresponde a cerca de 8,2 por cento do total de batizados em todo o mundo (1196 milhões) e coloca a nação em segundo lugar, a nível mundial, apenas atrás do Brasil; em Cuba, os católicos são 6,7 milhões, 60,19 por cento dos habitantes ilha.
Esta é a primeira vez que o atual Papa visita países de língua hispânica na América Latina e a sua terceira viagem ao continente americano, após passagens pelo Brasil (2007) e EUA (2008), estando previsto um percurso equivalente a meia volta ao mundo, com dez intervenções.
O anúncio da 23ª viagem de Bento XVI ao estrangeiro foi feito pelo próprio Papa, no Vaticano, durante a homilia da missa para a América Latina, a 12 de dezembro do último ano, numa intervenção que antecipou vários temas que devem constar da agenda: o património cristão dos latino-americanos (mais de 49% do total dos católicos de todo o mundo), a defesa da vida e da família, a reconciliação entre as populações, a pobreza e o combate à criminalidade e ao narcotráfico.
O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, explicou aos jornalistas que o Papa não irá deslocar-se à Cidade do México (e ao Santuário de Guadalupe) por causa da altitude (cerca de 2400 metros), optando pelo Estado de Guanajuato, na região central.
Bento XVI vai ficar alojado no Colégio Miraflores, pertença da congregação das Escravas da Santíssima Eucaristia e da Mãe de Deus.
A celebração central, no dia 25, vai decorrer no Parque Guanajuato Bicentenário, espaço comemorativo dos 200 anos da independência do México que se localiza entre as cidades de Guanajuato, Silao e León, com 14 mil metros quadrados.
Bento XVI vai sobrevoar de helicóptero a imagem de Cristo Rei, em Silao, referência para milhares de católicos durante a ‘Guerra Cristera’ (1926-1929), levantamento popular contra as disposições anticlericais da Constituição Mexicana de 1917.
Em Cuba, Bento XVI começa por visitar a cidade de Santiago, onde se encontra o Santuário da Virgem da Caridade do Cobre, padroeira da ilha, cuja imagem foi descoberta há 400 anos.
A missa final, na quarta-feira, vai decorrer na atual Praça da Revolução, antiga Praça José Martí (1853-1895), político, poeta e herói nacional de Cuba.
João Paulo II visitou Cuba em 1998 e esteve cinco vezes no México, um dos países mais visitados pelo beato polaco: 1979 (na primeira viagem internacional do pontificado), 1990, 1993, 1999 e 2002.
OC