Vaticano: Bento XVI foi «humilde» e teve «gesto profético»

Cónego António Rego, membro do Conselho Pontifício para as Comunicações Sociais, analisa pontificado

Lisboa, 19 fev 2013 (Ecclesia) – O sacerdote e jornalista António Rego considera que a renúncia de Bento XVI foi um ato de “extraordinária humildade e importante para a Igreja”, vendo neste um “gesto profético”.

“Penso que o Papa teve um gesto profético ao dizer que esta é uma missão de tal forma importante que é preciso ter todas as forças e capacidades”, afirmou à Agência ECCLESIA o membro do Conselho Pontifício para as Comunicações Sociais, num balanço do pontificado do atual Papa que termina a 28 de fevereiro.

A maior surpresa foi, para este responsável, o próprio Joseph Ratzinger: “Havia a imagem do cardeal na Congregação para a Doutrina da Fé e aparece um homem que é um pastor”.

Para o cónego António Rego, Bento XVI fica para a História como “um Papa do magistério” que foi “um guia e um pastor” ao longo destes anos.

A “abertura no campo ecuménico” fica marcada, pois sendo o Papa de forma “total e irrenunciável” um homem da verdade “é, no entanto, uma pessoa de diálogo em particular com o judaísmo, que acentuou como sendo o pai do cristianismo” mas também numa ligação aos “grandes mestres da Igreja Ortodoxa” com quem mantém contactos.

O jornalista da TVI não esquece “aspetos trágicos” nos quase oito anos de pontificado de Bento XVI, nomeadamente as “histórias de pedofilia na Igreja em várias partes do mundo” em que o Papa reagiu de forma “pronta e frontal, mantendo-se claramente do lado das vítimas”, bem como os “escândalos no banco do Vaticano” e a “traição de pessoas próximas” que, acredita o cónego António Rego, “o terá magoado profundamente”.

A necessidade de conhecer a Igreja universal foi respondida através de 24 viagens ao estrangeiro e 30 realizadas em território italiano, com destaque para Portugal e Inglaterra.

Antes destas duas viagens em 2010, considera o cónego Rego, a comunicação social era “muito agressiva com o Papa” e em território português ele “enterneceu as pessoas com a sua verdade”, pois na realidade é “sensível ao afeto e à presença das pessoas”.

“Ir a Fátima foi um ato importante para ele, para nós e para Fátima, porque o Papa ultrapassou os clichés que alguns portugueses poderão ter na sua devoção e abriu a uma universalidade”, explica o sacerdote, sublinhando que o teólogo Ratzinger “integra a mensagem mariana como a necessidade de ouvir a voz de Deus através de Maria no tempo de hoje”.

A atenção que Bento XXI e “os seus colaboradores” prestam às novas tecnologias fica também como marca neste pontificado, sendo “sinais dentro da Igreja”.

“O Papa percebeu que as novas tecnologias invadiram o mundo e não apenas do ponto de vista do consumo mas da interatividade e da capacidade de o Evangelho intervir”, precisa.

Para o cónego António Rego o empenho de Bento XVI neste setor “segue a linha da evangelização” e da relação que ele quis ter com os jovens pedindo-lhes que fossem cristãos “no terreno que lhes é próprio, o terreno digital”.

A mensagem para o 47.º Dia Mundial das Comunicações Sociais [12 de Maio de 2013]  “confirma a atenção ao terreno de evangelização que é o universo digital e as redes sociais”.

A análise do cónego António Rego pode ser escutada no programa do próximo domingo na Antena 1 (06h00) que se centra sobre o pontificado de Bento XVI.

LS

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