Vaticano: Bento XVI «é um santo», diz bispo de Vila Real

D. Amândio Tomás, reitor do Pontifício Colégio Português, em Roma, de 1982 a 2001, recebeu «muitas vezes» o cardeal Joseph Ratzinger

Fátima, Santarém, 19 fev 2013 (Ecclesia) – O bispo de Vila Real, D. Amândio Tomás, que quando dirigiu o Pontifício Colégio Português, em Roma, de 1982 a 2001, conheceu pessoalmente o atual Papa, considera que Bento XVI “é um santo”.

Em declarações à Agência ECCLESIA o prelado descreve Joseph Ratzinger como “homem generoso e de bondade” que se destaca pela “doçura, ternura e acessibilidade encantadoras”.

D. Amândio, que “muitas vezes” recebeu o então cardeal como hóspede no Colégio, realçou a sua capacidade de “diálogo”, a par da “profundidade e clareza”, que fazem dele um “génio humilde” a quem não faltava “firmeza”.

“Ele sonhou sempre ser um teólogo. A sua carreira foi nitidamente interrompida quando João Paulo II o chamou a Roma e o colocou à frente da Congregação para a Doutrina da Fé [1981]. Estou certo de que se terá oposto mas, pela obediência e serviço à Igreja, teve de aceitar”, recordou o bispo de Vila Real.

Quando o cardeal Ratzinger chegou aos 75 anos, idade que a legislação da Igreja indica para a resignação, o Papa polaco “mostrou vontade firme que continuasse no cargo [de prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé], e ele não teve outro remédio senão aceitar”, assinalou.

Bento XVI, que conclui o pontificado a 28 de fevereiro, “não é um Papa de transição”, pelo que “deixa uma marca muito profunda na Igreja”, nomeadamente quanto ao “conteúdo doutrinal” e à “atitude de quem não procura poder mas o serviço”.

O prelado afirmou que a renúncia foi “um choque”, embora “não tenha ficado surpreendido”, acrescentando que se tratou de um ato de “verdade”, “desapego”, “coragem” e “responsabilidade para com a Igreja”.

Para o bispo de Vila Real o “diálogo entre fé e razão, para que aquela não resulte em fundamentalismo e fideísmo sem base”, é um dos aspetos que marcam o pontificado de um Papa “admirado por muitos que não creem” em Deus.

A herança pontifícia estende-se, segundo D. Amândio Tomás, ao “diálogo ecuménico e inter-religioso”, bem como à importância concedida ao “estudo da teologia como serviço à comunicação da fé”, que deve ser transmitida “numa gramática nova e acessível” para uma Europa que, no entender do prelado, perdeu as referências cristãs.

O bispo vila-realense está convencido que Bento XVI, homem “de natureza frágil”, “recatado e tímido”, não vai ser “um empecilho para o seu sucessor” e vai cumprir a promessa de “dedicar-se inteiramente à oração”.

O prelado gostaria de ver Joseph Ratzinger a dedicar-se à escrita, para que os leitores pudessem “beneficiar da sua grande cultura, inteligência penetrante e todo o saber”.

As declarações de D. Amândio Tomás integram o próximo programa 70X7, dedicado ao pontificado de Bento XVI, que a RTP-2 transmite este domingo às 11h30.

PTE/RJM

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