Vaticano: atentado contra igreja no Egipto é uma «abjecção»

Presidente do Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-religioso apela ao «diálogo» e sublinha que deve evitar-se a «cólera» e a «indiferença»

Lisboa, 03 Jan (Ecclesia) – O presidente do Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-religioso, cardeal Jean-Louis Tauran, considerou que o atentado no último Sábado contra uma igreja na cidade egípcia de Alexandria é uma “abjecção”.

O ataque cometido na noite de ano novo, na cidade situada a cerca de 200 quilómetros a norte do Cairo, aconteceu à saída de uma igreja cristã ortodoxa copta, provocando a morte de 21 pessoas.

 “A palavra que me vem à mente é ‘abjecção’, porque nos encontramos diante de uma perversão da religião: nenhuma religião pode ‘justificar’ um tal modo de proceder, na medida em que ele atinge homens e mulheres que estão em oração e que, portanto, exprimem a dimensão mais nobre da pessoa humana”, afirmou o responsável à Rádio Vaticano.

O prelado francês defende que deve evitar-se a “cólera”, uma “má conselheira”, e a “indiferença”, ao mesmo tempo que se aposta em soluções tendentes à paz: “Encontramo-nos frente às forças do mal: mas o mal vence-se com o bem. Isto significa que o diálogo deve ser intensificado”, afirmou.

Para D. Jean-Louis Tauran “são necessárias, antes de tudo, as armas ‘morais’, que dão força e prestígio ao Direito Internacional, a começar pela observância dos acordos”, pelo que urge “colocar em prática todas as belas declarações comuns” assinadas entre os Estados.

De acordo com a AFP, as forças de segurança egípcias reforçaram o estado de alerta junto das igrejas após o atentado que, segundo as autoridades locais, terá sido perpretado por um bombista suicida agindo em nome de terroristas estrangeiros.

O ataque, que segundo a edição de hoje do diário governamental “al-Ahram” foi cometido com uma carga explosiva composta de TNT e pedaços de metal, não foi reivindicado, investigando-se a possibilidade de estar relacionado com a Al-Qaeda.

No último Domingo ocorreram confrontos entre cristãos coptas e agentes da polícia no Cairo, capital do Egipto.

O patriarca copta ortodoxo Shenouda III afirmou que mantém a intenção de celebrar a missa de Natal na data prevista, a 7 de Janeiro, apesar dos riscos.

Os cristãos ortodoxos celebram o Natal, evocação do nascimento de Jesus Cristo, a 7 de Janeiro, dado que seguem o calendário “juliano”, criado em 45 a.C. pelo imperador romano Júlio César para trazer os meses romanos ao seu lugar habitual em relação às estações do ano.

Este calendário solar, que tem um desfasamento de 13 dias em relação ao gregoriano, começou a ser substituído a partir do século XVI, embora a Rússia e a Grécia só tenham feito a mudança no século XX.

RV/RM

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Agência ECCLESIA

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