Relações Igreja-Estado no centro do debate O novo presidente da Conferência Episcopal Espanhola (CEE), D. Ricardo Blázquez, assegurou que a Santa Sé manifestou a sua intenção de “colaborar na medida das suas responsabilidades” para solucionas os problemas que a Igreja enfrenta em Espanha. D. Blázquez, Bispo de Bilbau, termina hoje uma visita ao Vaticano, que qualificou como “cordial”, na qual esteve acompanhado pelo resto da nova presidência da CEE, eleita na semana passada. Os prelados espanhóis não foram recebidos pelo Papa que, apesar das melhorias, tem reduzido os seus compromissos de modo a evitar nova recaída. O Bispo de Bilbau não ocultou que há “problemas” nas relações entre Governo e Igreja, mas espera que os mesmos possam ser revolvidos, afirmando que “há portas abertas” para desbloquear a situação. Em entrevista à Rádio Vaticano, D. Blázquez falou ainda do problema do terrorismo, condenando qualquer das suas manifestações. “O terrorismo tem de desaparecer de todo”, disse. Falando da sua experiência enquanto Bispo de Bilbau, o prelado lamentou ter tido de presidir “demasiadas vezes” a missas por pessoas assassinadas “de uma forma tão injusta”. Igreja sem liberdade O presidente cessante da CEE, Cardeal Rouco Varela, lamentou ontem que o laicismo esteja a crescer na Europa e na Espanha, considerando que “saltam à vista de todos as acções em vários âmbitos para limitar a liberdade da Igreja”. Sem citar explicitamente o Governo de Zapatero, o arcebispo de Madrid considerou “evidente” a existência de “posições que visam diminuir a presença da Igreja na sociedade”. O problema, sublinhou, não se limita à classe política, “mas acontece mesmo no debate intelectual”. O arcebispo de Madrid manifestou a sua convicção de que a nova presidência do episcopado não irá mudar de atitude, na linha do que tem sido o magistério da Igreja. “Não acredito que haja uma mudança de vontade em relação ao governo”, apontou. Um dos âmbitos em que se tenta silenciar a Igreja, segundo o Cardeal Rouco Varela, é o da família e da vida. “Há que apresentar a investigação indo além da utilidade, mesmo que seja médica ou científica”, defendeu. “Querer colocar o bem da pessoa humana em confronto com o progresso científico é um grande erro”, ressaltou.
