Cardeal Tarcisio Bertone recorda decisão do agora Papa emérito
Cidade do Vaticano, 11 fev 2014 (Ecclesia) – O antigo secretário de Estado do Vaticano, cardeal Tarcisio Bertone, revelou que a renúncia ao pontificado de Bento XVI, anunciada a 11 de fevereiro de 2013, tinha sido decidida pelo agora Papa emérito a meio de 2012.
“O Papa Bento amadureceu esta decisão muito tempo antes do anúncio: comigo, tinha já falado disso a meio do ano de 2012 e eu expus-lhe os problemas que iriam surgir, mas o papa sentia-se cansado, um idoso, e pensava sobretudo na Jornada Mundial da Juventude do Rio de Janeiro [julho de 2013]”, declarou o cardeal, em entrevista divulgada pela agência ‘Rome Reports’.
D. Tarcisio Bertone recorda que Bento XVI, hoje com 86 anos, colocava questões relativas à capacidade de “falar a milhões de jovens” com a sua idade.
“Ele sentia, como disse depois na declaração de 11 de fevereiro, que para viver em plenitude esta missão petrina era preciso um maior vigor do corpo e do espírito”, acrescentou.
O secretário de Estado de Bento XVI lembra que disse ao Papa que ainda estava a completar a trilogia sobre ‘Jesus de Nazaré’, cujo último volume, dedicado à infância de Cristo, um “presente de Natal” para a Igreja.
“Depois faltava a encíclica sobre a fé [Lumen Fidei, publicada já no pontificado de Francisco], que ainda estava em preparação. Além do mais, tinha acabado de começar o Ano da Fé”, observou.
O agora Papa emérito decidiu, no entanto, que a renúncia aconteceria “irrevogavelmente a 11 de fevereiro de 2013, no dia da memória de Nossa Senhora de Lurdes”.
O cardeal Tarcisio Bertone despediu-se do cargo de secretário de Estado do Vaticano a 15 de outubro de 2013, com um discurso em defesa de Bento XVI que o nomeou em 2006, particularmente a respeito da luta contra a pedofilia.
“(Bento XVI) sofreu profundamente com os males que deturpam o rosto da Igreja e por isso a dotou de uma nova legislação que combate com vigor o vergonhoso fenómeno da pedofilia entre o clero, sem esquecer o lançamento de uma nova lei em matéria económica e administrativa”, declarou, numa cerimónia que decorreu na Biblioteca da Secretaria de Estado, na presença do Papa Francisco.
Segundo o cardeal Bertone, Bento XVI foi “um reformador das consciências e do clero”, acrescentando que não vê no novo Papa uma “revolução”, mas uma linha de “continuidade”, visível no “dom do conselho espontâneo e inspirado” e na “comum devoção mariana”.
OC
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