O jornal do Vaticano, L’Osservatore Romano, antecipou esta semana algumas das mudanças anunciadas nas causas de canonização, indicando que as mesmas procuram estimular uma maior “consciência da responsabilidade dos protagonistas dos processos de beatificação e canonização”.´ A Instrução da Congregação para as Causas dos Santos irá denominar-se «Sanctorum mater» (Mãe dos Santos) e irá ser apresentada na segunda metade de Fevereiro. O objectivo do Dicastério presidido pelo Cardeal José Saraiva Martins é “salvaguardar o fundamento e a seriedade nas causas dos santos”, recomendando “uma colaboração mais estreita e eficaz” entre os Bispos e a Santa Sé. Aos postuladores recorda-se a obrigação de destacar “eventuais descobertas contrárias à fama de santidade” e “sublinhar eventuais dificuldades”, inclusivamente para economizar posteriores investigações que atrasem a causa. O texto detalha o rigor em matéria de provas, sejam documentais ou testemunhais, para que o estabelecimento da causa tenha sempre fundamentos sólidos e inatacáveis. Em relação aos milagres necessários para as beatificações e canonizações, estabelece-se que a pessoa curada, se ainda viver, deve ser examinada por dois médicos peritos que verificarão “com todos os meios clínicos e técnicos” o seu actual estado de saúde, “com particular referência à patologia da qual foi curada”. “Uma causa não é iniciada por Roma, mas pelo bispo diocesano”, precisou, a propósito da Instrução, o prefeito da Congregação vaticana para as Causas dos Santos, em declarações à Rádio Vaticano. Como nesta matéria o bispo local também “tem uma função muito importante e decisiva”, são necessárias muito precisas que regulem a sua actuação “nesta primeira fase diocesana”, declarou o Cardeal português. Um dos pontos mais sublinhados pela próxima Instrução é a “fama de santidade”, cuja origem deve estar na comunidade de fiéis. “Se não existe esta fama espontânea de santidade entre os fiéis, o bispo não pode – ainda que queira – iniciar uma causa de beatificação”, alerta D. José Saraiva Martins, para quem “os primeiros protagonistas de todo processo de beatificação são sempre os fiéis”. Redacção/Zenit