Vaticano: Académicos lamentam «abismos inaceitáveis entre ricos e pobres»

Sustentabilidade mundial depende de uma «cooperação a todos os níveis»

Cidade do Vaticano, 18 jul 2014 (Ecclesia) – O Vaticano publicou uma declaração conjunta das Academias Pontifícias das Ciências e Ciências Sociais sobre a temática económica.

Subordinada ao tema “Por uma economia mais inclusiva”, o documento realça que o progresso humano “redesenhou a economia mundial, tornando-a mais interligada” mas ao mesmo tempo “mais desigual”.

O texto avançado pelo serviço informativo da Santa Sé denuncia os “abismos inaceitáveis entre ricos e pobres” e lamenta o facto de apenas uma parte privilegiada da população mundial ter “acesso à maior parte dos progressos”.

“A atividade económica é medida apenas em termos do Produto Interno Bruto (PIB) e não leva em consideração a degradação da Terra e nem as desigualdades entre os países e dentro de cada país”, salientam os membros das Academias Pontifícias.

As desigualdades entre as pessoas abrangem outros setores ligados à economia, como a energia, em que “50 por cento do fluxo disponível é usufruído por um bilião de pessoas, enquanto os impactos negativos sobre o ambiente atingem três bilhões de pessoas às quais, entre outros, é negado o acesso à energia”.

A declaração conjunta alerta depois para situações como a “fome”, o desperdício de alimentos e a “degradação do meio-ambiente provocada pelo uso maciço de combustíveis fósseis, que causam alterações climáticas”.

“O aquecimento e as condições meteorológicas extremas estão destinados a crescer. E o mais grave, é que as maiores consequências serão suportadas pelos pobres”, por ler-se.

Para dar a volta a todo este contexto, os dois organismos ligados ao Vaticano sublinham que as situações de desigualdade devem dar lugar a uma “cooperação a todos os níveis”.

Só assim se poderão ultrapassar ainda outros “obstáculos à sustentabilidade e à inclusão humana” como “a corrupção e o tráfico de seres humanos”.

Os responsáveis académicos terminam a sua mensagem apelando a uma mobilização conjunta de “todas as religiões e de todas as pessoas de boa vontade” na construção de “um mundo mais são, seguro, justo, próspero e sustentável”.

Esta declaração conjunta teve origem num seminário de trabalho realizado pelas Academias Pontifícias das Ciências e Ciências Sociais em maio, tendo sido alvo de reflexão numa jornada de formação que o Conselho Pontifício Justiça e Paz realizou nos dias 11 e 12 de julho no Vaticano.

JCP

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