«Somos chamados a viver como cristãos na sociedade plural», acrescentou Francisco na audiência ao Dicastério para a Evangelização
Cidade do Vaticano, 29 ago 2024 (Ecclesia) – O Papa Francisco recebeu hoje em audiência os participantes na reunião plenária do Dicastério para a Evangelização, cpnvocada para refletir sobre a “identidade e missão” da Universidade Urbaniana no futuro, referindo que a instituição não pode ser dissolvida.
“A Urbaniana tem uma identidade própria”, afirmou o Papa, rejeitando projetos que colocam a possibilidade de a integrar com outras universidades e referindo que responde “à autoridade e à atividade do Dicastério para a Evangelização”, presidido atualmente pelo cardeal Luis Tagle, como está estabelecido na Constituição Apostólica “Praedicate Evangelium”, sobre os vários serviços da Cúria Romana.
A Universidade Urbaniana foi criada em 1627 pelo Papa Urbano VIII, inicialmente como Colégio, para formar missionários e apoiar as Igrejas em todo o mundo no anúncio do Evangelho.
“A vocação desta instituição académica faz com que a sua identidade coincida sempre com a sua missão. A formação, o ensino, a investigação e a vitalidade da Universidade fazem parte do mandato que recebemos de anunciar a Boa Nova a todos os povos”, afirmou o Papa.
Francisco disse que é necessário que os “valores fundadores” da universidade se traduzam em “respostas adequadas às questões que a realidade de hoje coloca à Igreja e ao mundo”, lembrando a pluralidade que marca as sociedades contemporâneas.
“Não vivemos numa sociedade cristã, mas somos chamados a viver como cristãos na sociedade plural de hoje. Como cristãos e abertos”, afirmou.
Referindo-se ao futuro das universidades, sobretudo as que dependem da Santa Sé, como é o caso da Universidade Urbaniana, o Papa alertou para a necessidade de “aumentar a qualidade da oferta educativa e de investigação” e a “racionalização dos recursos humanos e económicos”, olhando “além do hoje” e com criatividade.
“Não tenhais medo da criatividade: é preciso, esta criatividade saudável”, indicou o Papa, apelando a “um modelo renovado de Universidade” que “evite o risco” de reduzir os estudos a um “mero cumprimento de aulas, créditos e exames”.
“Tornar uma instituição académica atrativa e competitiva exige docentes dedicados, investigação científica e a capacidade de dar um contributo significativo para a doutrina. Fazer uma boa utilização dos recursos significa unificar percursos, partilhar docentes entre as seis instituições, eliminar gastos, planear as atividades de forma sensata e abandonar práticas e projetos ultrapassados”, sublinhou.
No caso específico da Universidade Urbaniana, o Papa disse que é necessário valorizar a “especificidade missionária e intercultural” para que os alunos possam “mediar a mensagem cristã com originalidade na relação com as outras culturas e religiões”, sugerindo a criação de “centros de investigação para as diferentes regiões geográficas e culturais”, como já aconteceu na Ásia.
“Quanta necessidade temos de pastores, consagrados e leigos que saibam encarnar o impulso missionário de evangelizar as culturas e assim inculturar o Evangelho”, concluiu o Papa.
A reunião plenária do Dicastério para a Evangelização reúne cardeais, bispos, religiosas e missionários de todos os continentes, hoje e este sábado, para analisar a identidade e emissão da instituição.
PR