Vaticano: «A fé não nos poupa do pecado, mas oferece-nos sempre um caminho para sair dele: o da misericórdia», afirma Leão XIV

Altas temperaturas levaram à realização da na audiência pública semanal  na Aula Paulo VI

Foto EPA/Lusa

Cidade do Vaticano, 13 ago 2025 (Ecclesia) – O Papa Leão XIV destacou hoje a fé como um caminho para sair do pecado, na audiência geral na Aula Paulo VI, no Vaticano, que foi dividida em diferentes momentos e locais.

“A fé não nos poupa da possibilidade do pecado, mas oferece-nos sempre um caminho para sair dele: o da misericórdia”, afirmou Leão XIV, na audiência pública semanal que, ao contrário do habitual, não se realizou na Praça de São Pedro, devido às altas temperaturas previstas.

O pontífice deu continuidade ao ciclo de catequeses iniciado pelo Papa Francisco para o Jubileu 2025, tendo desenvolvido o tema da traição, lembrando a “cena íntima, dramática, mas também profundamente verdadeira” do momento em que durante a ceia pascal, Jesus revelou que um dos doze apóstolos iria traí-lo.

Estas são “palavras fortes” que, segundo Leão XIV, “Jesus não as pronuncia para condenar, mas para mostrar como o amor, quando é verdadeiro, não pode ignorar a verdade”.

“Essa pergunta ‘Porventura sou eu?’ está talvez entre as mais sinceras que podemos dirigir, fazer a nós mesmos. Não é a pergunta do inocente, mas do discípulo que se descobre frágil.  Não é o grito do culpado, mas o sussurro de quem, mesmo querendo amar, sabe que pode ferir”, indicou, fazendo referência à questão feita pelos apóstolos.

Foto: Vatican Media

Leão XIV realça que “é nessa consciência que começa o caminho da salvação”, ressaltando que “Jesus não denuncia para humilhar, Ele diz a verdade, porque quer salvar”.

“Somente quem conheceu a verdade e um amor profundo, pode aceitar até mesmo a ferida de uma traição. A reação dos discípulos não é de raiva, mas de tristeza. Eles não se indignam, mas entristecem-se. É uma dor que nasce da possibilidade real de serem envolvidos. E precisamente essa tristeza, se acolhida com sinceridade, torna-se um lugar de conversão”, assinalou.

Leão XIV sublinhou que o Evangelho não ensina a negar o mal, “mas a reconhecê-lo como uma oportunidade dolorosa para renascer”.

Sobre as palavras “duras” quando Jesus disse que “melhor seria que nunca tivesse nascido!”, referindo-se ao traidor, o Papa considera que não se tratam “de uma maldição, mas sim de um grito de dor”.

“Jesus não se escandaliza diante da nossa fragilidade. Ele sabe bem que nenhuma amizade está imune ao risco da traição. Mas Jesus continua a confiar, continua a sentar-se à mesa com os seus. Não deixa de partir o pão, mesmo para aquele que o trairá. E essa é a força silenciosa de Deus”, destacou.

O Papa Leão XIV exortou os peregrinos presentes na Aula Paulo VI a questionarem-se com sinceridade com a pergunta “Porventura sou eu?”, não para se sentirem acusados, mas para abrir um espaço à verdade no coração.

“A salvação começa a partir daqui, da consciência de que podemos ser nós a quebrar a confiança em Deus, mas que também podemos ser nós a acolhê-la, a protegê-la, a renová-la. No fundo, essa é a esperança”, mencionou.

“Saber que, ainda que possamos falhar, Deus nunca falha. Mesmo que possamos trair, Ele nunca deixa de nos amar. E se nos deixarmos alcançar por esse amor, humilde, ferido, mas sempre fiel, então podemos verdadeiramente renascer e começar a viver, não mais como traidores, mas como filhos sempre amados”, concluiu.

Ainda na audiência, na qual cumprimentou os peregrinos de várias línguas, como a portuguesa, saudando os grupos vindos de Portugal e do Brasil, o Papa lembrou ainda as populações em guerra.

“Na véspera da memória litúrgica de São Maximiliano Maria Kolbe, encorajo-vos a seguir o exemplo da sua atitude heroica de sacrifício pelos outros. Por sua intercessão, suplicai a Deus que conceda a paz a todos os povos que vivem a tragédia da guerra”, disse, na saudação aos peregrinos de língua polaca.

Depois de mais de uma hora em cumprimentos aos presentes na Aula Paulo VI, entre os quais casais recém-casados, Leão XIV dirigiu-se ao interior da Basílica de São Pedro para cumprimentar em italiano, espanhol e inglês, os participantes que não tiveram lugar na Aula Paulo VI.

O Papa lembrou a catequese que proferiu anteriormente, enfatizando que Jesus não abandona: “Jesus convida-nos sempre à conversão. Jesus convida-nos a buscar o caminho que nos leva a ele, a Deus pai”.

Após a intervenção, Leão XIV deslocou-se até junto dos peregrinos começando uma nova ronda de cumprimentos.

O Papa regressa esta tarde a Castel Gandolfo para um segundo período de repouso, tendo previstas celebrações públicas no dia 15 de agosto, Solenidade da Assunção e no domingo seguinte, dia em que vai celebrar e almoçar com pobres e voluntários da Cáritas.

LJ/PR

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