Vaticano: «A avareza é uma doença do coração, não da carteira» – Papa Francisco

Ciclo de catequeses sobre vícios e virtudes chegou esta quarta-feira à quinta sessão com o tema da avareza

Cidade do Vaticano, 24 jan 2024 (Ecclesia) – O Papa disse hoje, durante a audiência geral, no auditório Paulo VI, no Vaticano, que “a avareza é uma doença do coração, não da carteira”.

O ciclo de catequeses sobre vícios e virtudes, iniciado a 27 de dezembro de 2023, teve esta quarta-feira a quinta sessão centrada na avareza, a “forma de apego ao dinheiro que impede o homem de ser generoso”, referiu o Papa.

“[A avareza] não é um pecado que afeta apenas as pessoas que possuem grandes bens, mas um vício transversal, que muitas vezes não tem nada que ver com o saldo da conta bancária”, afirmou Francisco, avança o portal de notícias do Vaticano.

Perante cerca de cinco mil participantes, o Papa lembrou a análise dos padres do deserto sobre o pecado capital, que depois de renunciarem a “enormes heranças”, apegaram-se a objetos de pouco valor, recusando emprestá-los, partilhá-los e dá-los: “Um apego a coisas pequenas, que tira a liberdade”.

“Uma relação doentia com a realidade, que pode resultar em formas de acumulação compulsiva ou patológica” descreveu, acrescentando que os monges para curar a “doença” propuseram “um método drástico, mas muito eficaz: a meditação da morte”.

“Por mais que uma pessoa acumule bens neste mundo, temos a absoluta certeza de uma coisa: eles não caberão no caixão, nós não podemos levar connosco os bens”, apontou o Papa.

Para Francisco, o “laço de posse” que é construído com as coisas “é aparente”, uma vez que ninguém é dono do mundo: “Esta terra que amamos na verdade não é nossa, e nela caminhamos como estrangeiros e peregrinos”.

Podemos ser senhores dos bens que possuímos, mas muitas vezes acontece o contrário: são eles que acabam por nos possuir”

Segundo o Papa, “alguns ricos já não são livres, já nem sequer têm tempo para descansar, têm de olhar por cima dos ombros porque a acumulação de bens também exige os seus cuidados”.

“Estão sempre ansiosos, porque um património é construído com muito suor, mas pode desaparecer num instante”, indica, denunciando que se esquecem da pregação do Evangelho, “que não afirma que a riqueza em si é um pecado, mas é certamente uma responsabilidade”.

No final do discurso, o Papa deixou um apelo: “Sejamos cuidadosos e generosos: generosos com todos e generosos com aqueles que mais precisam de nós”.

LJ

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Agência ECCLESIA

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