Valorizar o Trabalho – Dignificar a Pessoa

No dia 5 de Novembro realizou-se a 63ª Assembleia da Liga Operária Católica / Movimento de Trabalhadores Cristãos, da Diocese do Porto, na Casa Diocesana de Vilar, sob o tema “Valorizar o Trabalho – Dignificar a Pessoa”. Estiveram presentes cerca de 140 militantes e simpatizantes do Movimento na Diocese. Igualmente marcaram presença a Vice-Coordenadora e a Secretária Nacional, Virgínia Sousa e Glória Fonseca, assim como o Assistente Nacional, Padre Emanuel Valadão. Estiveram ainda presentes como convidados responsáveis da LOC/MTC de Braga, da EDMOL, da PO, do MAC e alguns sacerdotes assistentes e amigos do Movimento. Foi aprovada a Acta da anterior Assembleia por unanimidade, assim como o Relatório de Actividades aprovado com duas abstenções. O tema da Assembleia foi aprofundado pelo senhor Doutor José Madureira Pinto que, na sua intervenção teve como ponto de partida o tema desta Assembleia, “Valorizar o Trabalho – Dignificar a Pessoa”. Começou por afirmar que não é possível hoje propor qualquer balanço sobre os problemas do trabalho e do emprego sem um mínimo de enquadramento internacional das dinâmicas económicas – a globalização é um tema inevitável e incontornável. Há três décadas atrás pensava-se na diminuição futura da importância do trabalho, com o lazer a ganhar um mais destacado relevo. No entanto, poucos anos passados, a falta e a precariedade do trabalho voltaram ao centro das preocupações das pessoas. Hoje, com o agravamento brutal destas condicionantes e, nomeadamente entre os jovens, estes problemas da precariedade, levam a que as novas gerações estejam fortemente marcadas pela insegurança e incerteza em relação ao futuro. Pessoas marcadas pela incerteza são pessoas pouco receptivas a unir esforços e a se associarem, pelo contrário, tendem a agarrar um pouco o que têm e tudo fazendo para o manter mesmo passando por cima de outros companheiros de trabalho. As deslocalizações, os problemas da emigração e da imigração, as transferências de capital, são dinâmicas que a globalização impõe, mas que estão profundamente desregulamentadas e apenas têm em conta os interesses dos poderosos. Cada Estado deve ter um papel cada vez mais regulador e interventivo, tendo em conta não apenas os interesses da economia e dos seus agentes, mas o bem da pessoa humana, vista como um todo. No nosso país fala-se muito na necessidade de novas leis, quando muito pouco da legislação vigente é aplicada. Devemos recordar que um quarto da economia nacional é informal onde não é aplicada qualquer lei. Na economia formal há muita fuga à Lei e a Justiça é muito lenta a ser aplicada. Há 20% de trabalhadores contratados a prazo, com praticamente todos os jovens nesta situação. Este facto, vai, a breve trecho, fazer disparar estes números. A juntar a esta realidade temos cada vez em maior número os contratos de trabalho atípicos e os falsos recibos-verdes. Muitos jovens passam anos, numa vida completamente precária que os destabiliza com incertezas permanentes. Esta situação faz com que as pessoas se tornem dóceis e submissas a qualquer injustiça e não disponíveis para se organizarem. Os Estados nacionais servem para contrabalançar esta desregulação e reporem a confiança. A precariedade e a fragilização não aumentam a produtividade. O Estado deve, para além de criar condições para o emprego, compelir as empresas a fazerem formação profissional contínua dos seus trabalhadores. Igualmente deve ser dada força aos Sindicatos e outras organizações que lutem pela melhoria de vida das pessoas. Foi visto como um sinal de enorme esperança a formação da Confederação Internacional Sindical. Estes organismos criadores de dinamismos globais, juntamente com os Estados e outras organizações podem e devem servir como reguladores da globalização, tornando-a mais justa. Não nos podemos conformar com a fome e a morte de milhões. Também a Igreja deve dar o seu contributo insubstituível no sentido de tornar a Terra, nossa Casa comum, num Jardim para todos. Em plenário os militantes discutiram e aprovaram um Plano de Acção, por maioria com uma abstenção, a concretizar até à próxima Assembleia, e que contempla os seguintes campos de acção prioritários: Preparação do XIII Congresso Nacional em 2007. Estar mais próximos da vida dos trabalhadores, estabelecer parcerias, maior empenhamento nas Estruturas de Acção, divulgar as posições do Movimento, apostar na Expansão e no Rejuvenescimento, divulgação do jornal “Voz do Trabalho”, olhar as preocupações dos Trabalhadores e Famílias como um desafio à nossa Esperança e apresentar e divulgar o Livro Branco da Segurança Social. Dar continuidade à formação dos militantes, nomeadamente os Animadores da Fé, reforçar o sentido de Equipa nos diversos grupos, aumentar a articulação entre as Equipas de Base e a Zona e continuar as comemorações dos 70 anos da LOC/MTC. Foi igualmente aprovado um calendário de actividades que contempla vários encontros de formação para militantes e outros trabalhadores abrangidos pelas acções a realizar pelo Movimento. Foram aprovadas as contas relativas ao ano 2005/2006 e que o orçamento para 2006/2007 seja reforçada a verba para a formação, dado estarmos em ano de preparação e realização do Congresso Nacional. Os Coordenadores Diocesanos, Joaquim Ribeiro e Armanda Teixeira, aceitaram continuar na coordenação do Movimento na Diocese por mais um ano. Depois das palavras dirigidas à Assembleia pelos convidados, esta terminou com a celebração da Eucaristia, presidida pelo Assistente Diocesano, senhor Padre José Manuel Macedo e concelebrada pelos outros sacerdotes presentes. Porto, 5 de Novembro de 2006.

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