Valorização da herança religiosa e patrimonial

A gestão do turismo em espaços religiosos dá o mote ao trabalho “Sé de Braga – Reflexões para a valorização da Herança religiosa e patrimonial”, tese de Mestrado de Nuno Rodrigues. No documento problematiza-se o valor simbólico, histórico, de arte, de antiguidade e de contemporaneidade deste tipo de imóveis, bem como o novo conceito de uso e fruição deste tipo de espaço. O estudo analisa, com base no contexto histórico e religioso da Sé Primacial de Braga, a tipologia de gestão vigente, em termos patrimoniais, de ordenamento de espaços e ao nível do regime interno. Paralelamente, trata a problemática do turismo em espaços religiosos como uma modernidade para a qual urge uma estratégia de acção efectiva e pró-activa, embora no pleno respeito das relações do monumento com o seu contexto religioso e comunidade local. O entendimento desta nova realidade e a subsequente adopção de estratégia diferente, passa indubitavelmente pela análise de contextos históricos e das actuais relações do Estado com a Igreja. Todo este contexto deixou marcas que podem explicar algumas atitudes, acções e políticas existentes no relacionamento entre estas Entidades. Em termos de arquitectura metodológica, o estudo contempla 4 partes, sequenciais e complementares, decorrentes da organização definida aquando dos estudos e leituras exploratórias e do processo de construção do trabalho, bem como das observações e efectuadas no âmbito do mesmo. A primeira parte do trabalho esboça uma perspectiva, em termos conceptuais, dos temas que serão desenvolvidos, nomeadamente as temáticas relacionadas com o valor do património para as sociedades actuais, as relações entre o Estado e a Igreja, o novo culto dos monumentos, as diferentes formas de pensar o património, e o papel do turismo na recuperação e salvaguarda dos valores históricos. A segunda parte do trabalho denominada a “Sé no Tempo, na Sociedade e na Herança”, divide-se em 4 capítulos exploratórios sobre a dimensão da Sé enquanto espaço de grande tradição histórica, religiosa e eclesiástica e como ponto central do desenvolvimento da cidade de Braga. Posteriormente, na terceira parte do trabalho, faz-se uma primeira incursão, ainda que exploratória, sobre o Regime interno na Sé de Braga e a adaptabilidade do mesmo às motivações da sociedade do lazer e do novo culto dos monumentos. A última parte do trabalho centra-se na temática do turismo em espaços religiosos, através de uma reflexão sobre o caso específico da Sé de Braga. O trabalho é rematado por uma série de considerações finais, relativas às temáticas discutidas ao longo do mesmo. O texto encontra-se no repositorium da Universidade do Minho: http://hdl.handle.net/1822/3268 Cooperação Igreja-Estado A Concordata de 2004 (artigo 23, número 3) criou uma comissão bilateral para o desenvolvimento da cooperação quando a bens da Igreja “que integrem o património cultural português”. “A Comissão referida tem por missão promover a salvaguarda, valorização e fruição dos bens da Igreja, nomeadamente através do apoio do Estado e de outras entidades públicas às acções necessárias para a identificação, conservação, segurança, restauro e funcionamento, sem qualquer forma de discriminação em relação a bens semelhantes, competindo-lhe ainda promover, quando adequado, a celebração de acordos nos termos do artigo 28”, pode ler-se. O tratado entre a Santa Sé e a República Portuguesa e a Igreja Católica sublinha o empenho de ambas as partes “na salvaguarda, valorização e fruição dos bens, móveis e imóveis, de propriedade da Igreja Católica ou de pessoas jurídicas canónicas reconhecidas, que integram o património cultural português”. Nesse sentido, o artigo 28 adianta que “o conteúdo da presente Concordata pode ser desenvolvido por acordos celebrados entre as autoridades competentes da Igreja Católica e da República Portuguesa”.

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