Carlos Borges, Agência Ecclesia
Que tempo maravilhoso tem estado quase há uma semana, daquele que convida a sair de casa sem muitas preocupações, sem casacos, guarda-chuva. A Primavera chegou, envergonhada, teve alguma dificuldade em impor-se, ou o Inverno, este ano, é que teve mais dificuldade em deixar-nos. Espero que tenha também aproveitado os últimos dias porque “abril, águas mil”, e, segundo as previsões, a chuva regressa amanhã.
Março 2025 foi o mês da BTL, a Bolsa de Turismo de Lisboa, e dos IWRT, o Workshop Internacional de Turismo Religioso, não por esta ordem, eventos onde a Igreja Católica marca presença, são lugares de reportagem da Agência Ecclesia que inspiram a sair e a conhecer. Março é também um dos meus meses de eleição para marcar férias, e esperei pela Primavera, não a do calendário, para sair e conhecer, por isso, este artigo foi sendo escrito pelo centro e norte de Portugal, ao sabor da história, da cultura, do património natural e edificado, e ao ritmo da natureza
Esta saída, numa manhã de sol que se manteve ao longo de seis dias, e continua hoje, motiva o título e o incentivo, deste «Vai ser um 31», o famoso e nacional ‘vá para fora cá dentro’. Há cinco anos, em 2020, na pandemia das nossas vidas, um artigo, num conhecido site de notícias online, afirmava que esse slogan de 1995/1996 “continua trendy, 25 anos depois”. Nesse mesmo ano (junho 2020), o Turismo de Portugal lançou a campanha ‘Visita Portugal’, virando-se para o mercado interno – ‘Visita Portugal, tu podes viajar pelo melhor destino do mundo’.
O início da Primavera, em março, caso não esteja “mau tempo” – chuva, vento – é um dos meses ideais para colocar em prática o nosso ‘Vá para fora cá dentro’, e, se gostar de natureza, património natural e edificado, o interior de Portugal é maravilhoso. Sem muitos carros, sem muitos turistas, mas com muito Portugal disponível para ver e absorver, quase só para nós. E, se também for adepto disso, vá sem grandes planos, saiba o que quer ver, onde, e faça-se à estrada: rádio desligado, vidros abertos, e deixe a natureza entrar. O telemóvel também não precisa de estar sempre ligado à internet, caso perca o sinal de GPS, ou mude para uma operadora espanhola, peça indicações, há sempre quem nos indique o caminho Real (Monção), para voltarmos ao nosso trajeto.
Quando for para dormir procure nas redondezas as possibilidades de alojamento – pode usar a internet, claro -, mas leve um saco-cama e um cobertor no carro, para o caso de chegar antes dos hotéis/pensões/residenciais retomarem atividade. No Santuário de Nossa Senhora da Peneda o hotel reabre amanhã (segundo um antigo colaborador). Acabei por estacionar em Castro Laboreiro, no “fundo da estrada” à direita, e aconselho a paisagem, vai querer mesmo acordar com aquele raiar do dia. Há uns dois/três anos, este sistema livre de marcações, as possibilidades de alojamento não correu mal na Nacional 2 (N2), de Chaves para Faro.
Como escrevi ali em cima, este artigo foi sendo escrito por Portugal: na região centro, na ‘Livraria do Mondego’, e em Cabanas de Viriato (Carregal do Sal), no Museu Aristides de Sousa Mendes, na famosa Casa do Passal. Está a ser um sucesso de visitantes. Nesta terra vivi durante um ano, por altura da Expo’98, com vista para as traseiras da Casa do Passal e para o seu declínio, a ruína acelerada da história. Entre serras, de Cabanas de Viriato, que é famosa pelo seu carnaval, com a ‘dança dos cus’, vê-se a Serra da Estrela, já não me lembrava, com mais de 20 anos de ausência. Na semana passada ainda tinha neve, esteva bonita ao longe, a partir do recuperado jardim da nova casa museu.
A ‘Bucket List’ deste março levou-me ainda a Soajo e Sistelo, aos lugares do Parque Nacional Peneda-Gerês já referidos, sem esquecer São Bento do Cando, com muitas paragens pelo meio, vistas deslumbrantes, e encontros com a vida animal. No regresso, passei pelo Porto, Matosinhos e Gaia, para visitas e reencontros com amigos e antigos colegas de escola. Já a francesinha foi em Freamunde, esta terra não é apetitosa apenas pelo galo capão.
Já viu andorinhas este ano? As minhas primeiras foram no Santuário da Peneda e em Castro Laboreiro, no céu mesmo, para além das lojas de lembranças.
Este artigo era para ser dedicado ao Papa Francisco, e começar com a famosa frase do escritor norte-americano Mark Twain: “a notícia da minha morte é manifestamente exagerada”. Morte ou renúncia neste caso. Continuamos a caminhar com esperança.
Não se esqueça, Portugal Continental, a Madeira e os Açores convidam sempre: ‘Vá para fora cá dentro’. E, como se lê na parede de uma casa abrigo do Parque Nacional da Peneda-Gerês, ‘choose life’ (escolha a vida).
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