Carlos Borges, Agência Ecclesia
De “Ressaca” da JMJ. Já passou ou ainda está sob esse efeito? E a sua comunidade, a paróquia, a vigaria/arciprestado/ouvidoria, e a diocese? Será que (ainda) estão todos a ouvir a nossa voz? Será preciso tirar as t-shirts das gavetas, armários, das caixas nos arrumos e o lettering da JMJ das despensas, garagens e armazéns?
JMJ = Jornada Mundial da Juventude. Estas palavras entraram em força no léxico português no final de janeiro de 2019. JMJ Lisboa 2023 = a primeira edição internacional da Jornada Mundial da Juventude em Portugal. Realizou-se na capital portuguesa, e dois territórios vizinhos – Santarém e Setúbal – foram dioceses de acolhimento. Faz, hoje, um ano, dia 31 de julho, que muitos caminhos em Portugal tinham como meta estas três Igrejas diocesanas. Os jovens saiam dos ‘Dias nas Dioceses’, em 17 comunidades, a pré-jornada, para viverem o maior encontro mundial de pastoral juvenil, vocacional, de acolhimento e de relação.
Estamos, a sociedade portuguesa, por estes dias a fazer memória dessa grande jornada. São vários os artigos de opinião, peças na televisão, na rádio e no online, são memórias partilhadas e republicadas nas redes sociais. Eventos que se organizam e realizam, outros que não saem das ideias e uns quantos que se cancelam, não só relacionados com esse primeiro ano da Jornada Mundial da Juventude portuguesa. E estes têm sido um abanão.
O pós-JMJ já era motivo de preocupação antes da Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023 acontecer e, claro, continua a ser. A realidade do país não é uniforme e muito menos na sua juventude, as dioceses e os movimentos, a Pastoral Juvenil em cada realidade, trabalhou ao longo deste ano de “ressaca” da melhor forma possível. Confesso que a nível pessoal, e até profissional, do que vou acompanhando à distância, e é dado a perceber, as dioceses “fortes”, as mais ativas, e que mobilizam mais jovens continuaram com essa força que lhes é reconhecida, mesmo com o cancelamento de algumas atividades. Outras conseguiram os mínimos, datas e tempos no calendário que não podem passar à margem. Não sei se chegam para serem ‘mínimos olímpicos’, mas “quem vive no convento é que sabe o que se passa lá dentro”. E se os eventos/iniciativas/atividades são o que existe de mais visível, não são o mais importante, afinal a pastoral é de processos.
No sábado estive na Quinta do Álamo, onde a Casa da Juventude da Diocese de Setúbal está a ganhar forma (e precisa de apoios). A equipa do Departamento diocesano da Juventude realizou mais uma sessão de limpeza da casa e do espaço envolvente. Em conversa com um dos jovens, uma das novas aquisições da equipa neste mercado de transferências para o ano 2024/2025, ele disse que este ano era de “ressaca” da JMJ. O novo ano pastoral é de “manutenção”, mas, claro, não é uma “manutenção” do atual estado de ressaca. A meio deste mês andei por Ponte de Lima, em reportagem no ‘JubiGo’, o primeiro acampamento diocesano da Pastoral Juvenil de Viana do Castelo, menos de 100 inscrições e todos animados: com a JMJ que passou, a JMJ 2025 – o Jubileu Mundial dos Jovens no Ano Santo – e, alguns, já olham para a JMJ 2027, na Coreia do Sul. E, em cada ano, vão ter o seu ‘JubiGo’.
Conhecem a saga de filmes ‘A Ressaca’, é uma trilogia, acho que já vi todos, não me lembro se do início ao fim, não é daquelas escolhas ‘vou ver um filme, que tal ‘a ressaca’?’, é mais um acaso do zapping, e vai-se ficando… 2023/2024 podia ter sido uma “ressaca” daquelas, a lembrança do que aconteceu com novas aventuras, do que esta, sem generalizar, de alguma fuga de jovens cansados de um processo que foi longo, é verdade. Não sei se a pastoral é de processos ou de eventos, certamente é um mix, e já estamos de olhos na JMJ 2025, para curar esta ressaca que está a fazer um ano.
Bom primeiro ano da JMJ Lisboa/Portugal 2023. E boas férias também, se for caso disso.
P.S. – «Vai ser um 31» em maio não saiu, para além do artigo ia fazer uma sugestão literária, a coletânea “Douro – Um Território de Palavras” (Academia de Letras de Trás-os-Montes), umas semanas antes assisti à apresentação na XV Feira do Livro do Douro (Peso da Régua). No verão, e em período de férias, é um convite também a visitar.